Floriano Pesaro, sociólogo.
Chegamos a mais um tempo de esperança sob as luzes do candelabro de Chanucá. É preciso, antes de tudo, rememorarmos brevemente a história desta celebração e as razões pelas quais este marco no calendário judaico é tão fundamental na renovação de nossas esperanças.
Quando viviam como um povo autônomo na terra de Israel, nosso povo vivia pacificamente em torno do Templo Sagrado de Jerusalém comungando dos costumes e valores judaicos. O direito à existência era mantido mediante a contribuição em impostos ao reino Selêucida, que mantinha os judeus em terras afastadas do centro do domínio helênico.
No entanto, o tiranismo – que nunca tarda a aparecer – se mostrou na pessoa do rei Antíoco que viu na comunidade judaica um povo resistente ao absoluto domínio na região. Com um poderoso exército, o rei selêucida invadiu a Judeia e profanou o Templo Sagrado com sacrifícios impuros e com a proibição da leitura da Torá.
Apesar de haver registros de judeus, à época, que se converteram diante da tirania helênica, houve um grupo que lutou bravamente e derrotou o exército selêucida. Eram judeus camponeses, despidos de riquezas, mas cheios de fé e coragem, liderados por Yehudá e seus quatro irmãos. Este bravo grupo reconquistou a liberdade para a comunidade judaica retomando a terra sagrada.
Yehudá, então, ficou conhecido como Macabeu, de martelo, que denotou o nome pelo qual esse grupo de judeus guerreiros ficou conhecido, os Macabeus. O Templo Sagrado foi reconquistado e purificado com o acendimento da Chanukia – o nosso candelabro de nove braços, onde oito deles são acesos com as luzes de Chanucá.
A luz de Chanucá pode significar coragem, sabedoria, fé e, ainda mais, esperança frente à tirania. Nada pode segurar ou retardar a presença da luz sobre a escuridão, a ignorância e a violência. Nossa história como povo é testemunha disso.
Há, também, o aspecto fundamental da fé na história de Chanucá que nunca nos deve passar desapercebido: lembremo-nos que, no Templo Sagrado, os Macabeus não dispunham de óleo suficiente para os oito dias de acendimento das velas, no entanto, assim elas se fizeram. Aquele óleo envolto de fé e esperança fez com que as luzes ali perdurassem pelo tempo necessário para a purificação do Templo.
Em épocas desafiadoras, nossos rabinos sempre nos orientam a buscarmos inspiração e luz nas palavras da Torá, nos ensinamentos de D’us e na história do nosso povo, no caso de Chanucá, não poderia ser diferente.
Que a luz da Chanukia possa iluminar cada um dos lares da nossa comunidade levando esperança e bondade às mentes e aos corações afastando a ignorância e a escuridão que, certamente, serão parte de um passado deixado para trás com coragem e fé.