Floriano Pesaro, sociólogo
“Devemos lutar contra o terrorismo como se não houvesse processo de paz, e devemos buscar a paz como se não houvesse terrorismo.” Yitzhak Rabin, ex-Primeiro-Ministro de Israel, em sua última aparição pública antes de ser assassinado em 1995
“Não procuro tomar territórios de ninguém nem tomar o que foi dado aos outros por Deus. Busco mais do que qualquer coisa começar o processo de construção de uma paz permanente com base na justiça.” Anwar El-Sadat, Presidente do Egito, que em 1977 se tornou o primeiro líder árabe a visitar oficialmente Israel, sinalizando um movimento em direção à paz entre os dois países.
Diante do cenário de conflitos e tensões que marcam a longa história entre Israel e Palestina, o discurso do Senador Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Congresso Americano, proferido em 14 de março de 2024, emerge como um farol de esperança e razão. Sua fala, além de ser um testemunho pessoal de compromisso com a paz, destaca a urgência de encontrar soluções sustentáveis que garantam a coexistência pacífica e a prosperidade mútua de duas nações.
Schumer, com suas raízes profundas na comunidade judaica americana, não apenas fala como um político, mas como alguém cuja própria história está entrelaçada com a do Estado de Israel. Ele evoca a memória do Holocausto e a luta histórica do povo judeu para estabelecer um lar seguro em Israel, ressaltando a importância de proteger essa conquista contra ameaças internas e externas.
A lembrança dos ataques terroristas de 7 de outubro, perpetrados pelo Hamas, serve como um ponto de inflexão em seu discurso. Esses atos de violência brutal, que vitimaram civis, incluindo cidadãos americanos, são retratados por Schumer não apenas como ataques contra Israel, mas como uma afronta aos valores humanitários compartilhados pela comunidade global. A maneira como ele descreve seu encontro com as famílias das vítimas — o luto compartilhado e a dor indizível — humaniza o conflito, lembrando-nos que, no cerne desta tragédia, estão histórias de indivíduos e famílias despedaçadas pela violência.
Schumer não se limita a condenar a violência perpetrada pelo Hamas; ele também se volta para dentro, criticando as políticas e práticas que, em sua visão, obstruem o caminho para a paz. O Senador identifica quatro obstáculos principais: o terrorismo do Hamas, o extremismo de direita em Israel, a intransigência da liderança palestina, e políticas do governo israelense que alimentam a divisão e o conflito. Ao fazer isso, Schumer adota uma postura equilibrada, reconhecendo que a responsabilidade pelas tensões atuais, apesar da agressão inaceitável ter partido do Hamas, é, hoje, compartilhada e que concessões dolorosas são necessárias de ambas as partes para alcançar a paz.
Schumer evoca a inspiração de líderes históricos que, contra todas as adversidades, se comprometeram com a paz. Ele relembra David Ben-Gurion, Yitzhak Rabin e Ehud Barak, destacando seus esforços e sacrifícios na busca pela paz com os palestinos. Do lado palestino, ele menciona Salam Fayyad, cuja liderança responsável buscou a condenação da violência e a construção de um futuro pacífico. Entre os líderes árabes, Anwar El-Sadat e King Hussein bin Talal são citados como exemplos de coragem e visão na busca pela paz com Israel.
Afinal, a ausência de busca pela paz neste conflito pouco, ou nada, tem trazido de positivo a Israel: os reféns continuam sob poder dos terroristas; as baixas civis não cessam; o antissemitismo no mundo recrudesce ameaçando a todos em toda a parte; e a comunidade internacional começa a se voltar contra Israel e seu governo.
Além disso, Schumer destaca o papel crucial da comunidade internacional e, especialmente, dos Estados Unidos na mediação do conflito. Ele defende um aumento na ajuda humanitária para Gaza e exorta os aliados de Israel a promoverem uma solução pacífica, enfatizando a necessidade de ambas as partes fazerem concessões significativas para viabilizar uma solução de dois estados.
Ao concluir, Schumer nos convida a imaginar um futuro onde israelenses e palestinos possam compartilhar a terra em paz e prosperidade. Este discurso é um poderoso lembrete de que a busca pela paz é uma responsabilidade coletiva que exige não apenas a rejeição do ódio e do extremismo, mas também um compromisso inabalável com os valores de dignidade, segurança e prosperidade para todos.