Neste último mês de julho, parlamentares e autoridades da América Latina, bem como o arauto da justiça internacional, o jurista espanhol Baltasar Garzón, e outros convidados internacionais participaram de um fórum de combate ao terror. Foram mais de 50 parlamentares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai (note-se aqui a ausência da Venezuela), que compareceram a Buenos Aires para discutir formas de combater o flagelo do terrorismo. O evento aconteceu na época em que se comemoram 16 anos do atentado terrorista da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina) que tirou a vida de 85 pessoas e deixou 300 feridos.
O anseio geral dos participantes do fórum é que a região possa se tornar mais segura e imune a ataques terroristas, a forma mais recente de peste global.
Infelizmente, torna-se difícil aspirar a uma região livre de atentados ou a uma região tão justa e independente que buscará, sempre que imperativo for, a punição dos eventuais responsáveis. E por quê?
Antes de tudo, há países na região liderados por caudilhos que desafiam as simples noções de justiça, democracia e direitos humanos. Fatos lamentáveis como a exumação dos restos de Simon Bolívar, por parte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e sua simpatia e acolhimento dos narcotraficantes das Farc, auto-intitulados exército do povo, já evidenciam a improbabilidade de esforços antiterroristas nesta parte do hemisfério.
Entretanto, há fatores que extrapolam as fronteiras destes países sabidamente aventureiros. Devemos analisar um pouco da história sulamericana para avaliar mais profundamente as dificuldades que se impõem no continente.
No atentado argentino, ligações, amizades e simpatias dos governantes de então por entidades e países suspeitos acabaram por criar uma aberração investigativa que produziu centenas de milhares de páginas de inquéritos e nenhum culpado.
Não podemos desprezar este exemplo de promiscuidade porque, na região, ainda temos países e governantes que desconsideram o perigo das más companhias. As amizades espúrias de nosso presidente com seus amigos de “carteirinha” – um ditador de direito, Fidel Castro, e dois ditadores “de facto,” Hugo Chávez e Evo Moralez – alinham nossa nação com países contumazes em desrespeitar valores como o respeito humano e o governo democrático. Também, em nosso último infortúnio diplomático, nosso presidente cerrou fileiras com Mahmoud Ahmadinejad, que nada mais é do que um lunático beligerante, que ameaça a estabilidade global com a iminência de armas nucleares.
Em nome de uma ambição desmesurada por tornar-se porta-voz do Sul do mundo, Lula carrega o Brasil em uma empreitada perigosa, aliando nossa nação com pseudo-democracias, que se alimentam de um populismo paternalista e irresponsável que manipula os anseios de uma classe desfavorecida e desinformada, e com ditaduras declaradas, como a de Fidel Castro que se impõe a seu povo há décadas.
Que autoridade ou vontade política teria um governo que se alia com possíveis terroristas em buscar responsáveis ou condenar ações ilegítimas de países amigos? Que isenção podemos esperar, se necessário for, de autoridades contaminadas por aproximação?
Infelizmente, a recente declaração de Lula sobre os presos políticos cubanos exemplifica o grau de comprometimento que más alianças podem gerar. Chega a ser de uma ironia atroz ouvir o senhor Luís Inácio Lula da Silva, dono de um passado de lutas pela liberdade política, vir a público e comparar presos políticos com a ralé que vive para violentar e usurpar o outro.
É este fechar de olhos para descaminhos de aliados obscuros que coloca em risco a possibilidade de uma política regional efetiva para detecção, prevenção e eventual punição do terrorismo.
Entendo que o combate ao terrorismo passa pela tolerância, pela educação, memória e prevenção. Mas devemos buscar governantes que entendam o escopo de suas responsabilidades e o perigo do populismo ingênuo.
Este é o desafio.