Kever Avot – as sepulturas de nossos ancestrais. O judaísmo não cessa de me surpreender com sua sabedoria e sensibilidade. Em meio a uma época de tanta reflexão pessoal, de contabilidade de cada alma
particular, a tradição nos lembra da importância de nossa descendência, fazendo com que reverenciemos nossos entes queridos, buscando a luz e a sabedoria que nos foram passadas por nossos antepassados..
As orações durante os 10 dias dos Iamim Hanoraim entre Rosh Ha Shana e Iom Kippur são repletas de imagens de quem viverá e quem morrerá. A visita ao cemitério, para honrar a memória de nossos amados durante este período de auto-análise, só pode ser enriquecedora, pois lembramos as boas influências de nossos familiares, amigos e líderes espirituais que já não estão mais aqui.
Acendemos velas para nossos mortos exatamente neste dia, início de um trabalho pessoal profundo, como que para entender a real pequena dimensão de nosso tempo, conectando-nos com algo mais profundo, mais transcendental, nossa herança espiritual.
Mais ainda, como o judaísmo é absolutamente uma religião comunitária, rezamos em comunidade, precisamos de um quorum de 10 pessoas para nossas principais práticas de oração, a comunidade é o ponto de apoio e reunião, onde a maioria das tradições acontece – Kever Avot tornou-se através da história, uma tradição comunitária.
Viemos aqui hoje também comunitariamente relembrar nosso triste
passado coletivo, viemos honrar as almas dos que morreram para que pudéssemos hoje estar vivos. Viemos aqui à véspera de Iom Kipur prestar testemunho e servir de alerta para que um novo Holocausto não aconteça.
Enquanto tivermos força, denunciaremos a tragédia e reverenciaremos as vidas perdidas para o nazismo, fazendo de suas memórias nossa bandeira na luta por apontar todo tipo de anti-semitismo, de discriminação. Por isso a importância do Sheirit Hapleitá em nossa comunidade. Por isso a importância de atos como este que aqui realizamos.
Este é o nosso tributo e a nossa demonstração de respeito por estas perdas tão absurdas, perdas pessoais, perdas familiares, perdas de um povo.
Sinto-me honrado de estar hoje aqui, sinto-me honrado por estar cada
dia mais a serviço desta comunidade, sinto-me honrado por poder participar cada dia mais destas tradições judaicas e sinto-me honrado por aprender, cada dia, mais um pouco do incomensurável saber e da espiritualidade profunda que o judaísmo nos brinda, que, em comunidade, homenageia o passado, realinha o presente e pede por um futuro mais justo.
Só tenho a desejar a todos um Ano Novo doce, pleno de saúde, realizações e que a paz possa ser uma realidade no seio de nossa nação, Medinat Israel.
Shaná Tová