Aqui estamos novamente. Poderíamos pensar que o perigo passou. Quando Ahmadinejad decidiu adiar sua visita ao nosso país, poderíamos imaginar que talvez nossos governantes percebessem a insensatez desta presença entre nós. Mas, não… Cá estamos novamente, na iminência de receber este nefasto personagem em nosso solo, com honras de dignitário-mor. Dignitário… honras? Um crápula tirano deste calibre não mereceria nem ser citado diante destas nobres palavras, quanto mais recepcionado como representante soberano de um país.
E tem mais! Desde o adiamento de sua visita ao Brasil, as ações de Ahmadinejad foram ainda mais ignóbeis, alimentando a revolta de seu próprio povo e da comunidade internacional.
O Irã foi amordaçado, forçado a render-se a uma minoria fundamentalista, que fraudou o processo democrático das eleições nacionais. Revoltas, mortes, apelos internacionais, nada demoveu Ahmadinejad de seu apetite por poder, de sua insana loucura. O Irã virou refém desta tirania.
Poderíamos pensar que Lula teria aprendido algo com os incidentes. Ingenuidade nossa! Lula, com sua histrionice, banalizou a importância de eleições dignas, comparando a legítima revolta dos iranianos a queixumes de torcidas esportivas. Imaginemos eleições fraudadas aqui e o que nosso governante teria dito, teria feito…
Na sequência, a História foi vilipendiada, o Holocausto simplesmente descartado por tão burlesco personagem. O mundo protestou, retirou-se do fórum maior de reunião das nações, a ONU, e Ahmadinejad nem pestanejou.
O presidente de nosso país, Lula, em setembro, dias após a declaração de Mahmoud Ahmadinejad em que ele diz que o Holocausto é uma mentira, encontrou-se em Nova York com este arremedo de estadista, apertando sua mão sem o menor constrangimento, como se grandes amigos fossem. Nosso presidente considera o Irã de Ahmadinejad um “grande sócio”, apesar de todas as preocupações que seu programa nuclear suscita.
Afinal, o que é que podemos esperar de um “grande sócio” ditador, bélico e fantasioso? Enquanto o mundo sente o cabelo da espinha arrepiar diante do perigo iraniano, o Brasil de Lula acha legítimo, em nome de interesses comerciais, aliar-se a anti-semitas lunáticos.
Perdoem-me a insistência! Sei que já estivemos aqui, que já enfatizei meu repúdio e meu protesto por esta relação quase criminosa, mas não há como calar-me diante do enorme tropeço diplomático prestes a acontecer em nosso país.
Talvez a visita iminente de Ahmadinejad não possa ser impedida. Mas não devemos nos calar. Temos a obrigação de assinalar o incomensurável desacerto de nossa diplomacia. Devemos denunciar a quatro ventos nossa indignação. O povo tem que saber que não estamos dispostos a ‘vender’ nosso país! O povo tem que saber que estamos do lado da verdade histórica, da grande comunidade internacional. O povo tem que saber que estamos do lado da paz e não da megalomania de guerra deste senhor, Mahmoud Ahmadinejad.
Floriano Pesaro, sociólogo e vereador da cidade de São Paulo.