O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Muito obrigado, Sr. Presidente, nobre Vereador Celso Jatene, e Sr. José Américo, Vereador e Líder do PT. Escrevo meus discursos, para depois lê-los, a fim de não esquecer nenhum detalhe. Temos muito a responder. Enquanto gestor de política social desta cidade, fui muito bem avaliado pelos meios de comunicação e pelo Partido dos Trabalhadores.
Quando fizemos a unificação de programas, na cidade de São Paulo, assim como fizemos o decreto que unificou, em 2002, os programas federais, como o Bolsa Escola, o Auxílio-Gás e o Bolsa Alimentação, que futuramente foi apelidado de Bolsa Família, fizemos o mesmo em São Paulo. Na Secretaria Municipal de Trabalho, sob o comando do Sr. Márcio Pochmann, que hoje faz pesquisas no Brasil, S.Exa. havia falado numa cidade cenográfica. S.Exa. falou em plantar trigo em vasos. Cidade cenográfica é típico do PT. Criam casas, as imagens que vemos em novelas. Atrás não há nada. Programas, na cidade de São Paulo, eram bonitos e pintados, mas quando abríamos a porta, para ver o conteúdo que havia atrás, não encontrávamos nada. Vamos em frente. Vamos trabalhar porque o povo tem pressa.
Primeiramente, agradeço a nobre Vereadora Noemi Nonato, colega que cedeu seu tempo para que eu pudesse contar um pouco a V.Exas., que não tiveram oportunidade de estarem na convenção, no encontro nacional de três partidos políticos, no Brasil, PPS, DEM e PSDB, que se reuniram, em Brasília, com políticos do Brasil inteiro, lideranças regionais, governadores e senadores, no pré-lançamento do ex-Governador do nosso querido Estado e ex-Prefeito desta cidade, à Presidência da República.
Falarei aqui sobre os discursos e a propriedade dita pelo Sr. José Serra, como pensa e age. S.Exa. começa seu discurso dizendo: “Um ser humano que sonha ver um Brasil sem divisões ou diferença entre os seus habitantes, caminhando, solidariamente, em direção ao progresso social, econômico e cultural”. Daí se extrai aquilo que o Sr. Governador José Serra prega, que é a união do povo brasileiro.
Sem dúvida nenhuma, S.Exa. é um político que se orgulha de cada uma das suas ações em quase 50 anos de vida pública, sempre com o intuito de servir e não de ser aclamado como o melhor disso, o melhor daquilo, o cara disso, o cara daquilo.
Um economista com lucidez e clareza suficientes para apontar os principais entraves ao desenvolvimento do Brasil. Mas, mais do que os entraves, como solucioná-los. Um gestor com conquistas concretas a mostrar, em todos os postos onde passou e onde serviu, aquilo que fez. Um Presidente, sem dúvida nenhuma, que irá liderar um processo e não ser conduzido por eminências pardas, por interesses corporativos ou por ambições partidárias mesquinhas.
Essas são as conclusões que eu tiro do discurso que escutei em Brasília, no último sábado, e que quero relatar a V.Exas., porque me surpreendeu. Essas são as conclusões inevitáveis que se ouvem, leem ou releem dos discursos promovidos pelo ex-Governador e ex-Prefeito desta cidade, Sr. José Serra.
Mas o caminho, nós sabemos, é árduo, especialmente porque o PT e seus aliados têm a máquina pública na mão e, sem dúvida nenhuma, usarão, como já demonstraram na pré, pré, pré, pré-campanha da Sra. Ministra-Chefe da Casa Civil, usando o avião da Presidência, usando o staff do Cerimonial.
O Sr. Netinho de Paula (PC do B) – V.Exa. me concede aparte?
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – No momento oportuno, caro Colega Netinho de Paula.
Mas o Brasil que Serra quer e demonstrou em seu discurso é o mesmo do cidadão que não está pautado em ideologia ou em modelo de gestão do Estado, mas pretende uma vida melhor para a sua família.
A energia de Serra está centrada naquelas pessoas que querem melhor saúde pública, que é um desastre no Brasil – não em São Paulo, melhorou muito -, mas no resto do Brasil; garantia de boa educação para os filhos e aspiração de emprego para os jovens, em ambiente de segurança e de respeito à lei; pessoas com valores, amantes das virtudes, que não querem o país dividido.
A SRA. JULIANA CARDOSO (PT) – V.Exa. me concede aparte?
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – No momento oportuno, nobre Vereadora Juliana.
O brasileiro comum, como eu ou como V.Exa., nobre Vereador Netinho de Paula, já que o Sr. Serra disse que, a exemplo do pai de V.Exa., dono de uma banca de frutas no Mercado Municipal da Cantareira, no centro de São Paulo, que o pai de S.Exa. era um homem austero e, entre aspas, disse: “Um homem austero, severo e digno; carregava caixas de frutas para que eu, um dia, pudesse carregar caixas de livros”. Essa é a visão: o trabalho e a educação, a formação dos nossos filhos para que possamos, de fato, pensar num país melhor, com autonomia, com geração de renda. Não sei se V.Exa. e todos sabem que o Sr. Serra vem de um bairro que, na época, era mais popular do que é hoje. Graças ao desenvolvimento econômico e social da cidade de São Paulo, a Mooca hoje é um bairro desenvolvido, de classe média e de classe média alta. Mas, na época do Sr. Serra, a Mooca era um bairro de operários, de muitos migrantes que vieram de outros países e que vieram do Nordeste do Brasil para construir esta cidade.
Mas é possível destacar no Sr. Serra uma condição talvez única nessa eleição, que é o fato de não ter vergonha do seu passado; de não precisar fazer cartas ou manifestos, como precisou fazer o Sr. Presidente Lula e o PT, quando da eleição, oito anos atrás, dizendo que tudo aquilo que havia pregado não seria necessariamente aquilo que faria, quando assumisse o Poder, que foi a Carta ao Povo Brasileiro, redigida, para dar o mínimo de segurança, especialmente naquele momento econômico em que o Brasil passava por um ataque especulativo. Para os investidores, a ascensão do PT ao poder seria um desastre completo, se considerássemos as pregações do partido na sua história pregressa.
Foi necessário que o Sr. Presidente Lula e seus aliados redigissem uma carta dizendo aos brasileiros que ficassem tranquilos, pois dariam sequência à política econômica do Sr. Presidente Fernando Henrique Cardoso. Inclusive, a vontade do Sr. Lula era pela manutenção – houve uma solicitação para que isso ocorresse – do Sr. Presidente do Banco Central. O temor do Sr. Presidente Lula, naquele momento, era de que tudo o que havia dito ao longo dos últimos 20 anos no Brasil fosse de fato considerado, ou seja, o PT como Governo, ainda mais aliado ao partido de V.Exa. – o Partido Comunista – com a visão lúcida do nobre Vereador Jamil Murad, ou seja, a visão soviética, estatizante. Portanto, naquele momento era preciso esclarecer o que estava sendo dito e o que seria realmente feito após a eleição.
Serra e o PSDB não têm medo do passado, não têm conflitos mal resolvidos com a sua história. Num belo e contundente discurso, o ex-Governador, Sr. Aécio Neves sublinhou as diferenças entre o modo tucano de servir ao Brasil e o interesse petista em assaltar o poder. O Sr. Aécio pôs as coisas no devido lugar, ao lembrar que, sistematicamente – eu já o havia feito antes neste Plenário – o PT se posicionou contra os principais avanços do País nos últimos 25 anos. Era o partido do contra. Ao mesmo tempo, destacou que os tucanos, mesmo ainda no MDB e PMDB sempre pautaram pelo interesse maior da Nação. De forma generosa e solidária, lutaram pelas conquistas que interessavam aos brasileiros, inclusive na eleição indireta do Sr. Presidente Tancredo Neves que o PT foi contra. A candidata atual – por um gesto absolutamente demagógico – vai ao túmulo do ex-Presidente Tancredo Neves.
O Sr. Netinho de Paula (PC do B) – V.Exa. permite um aparte?
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Concedo aparte ao nobre Vereador Netinho de Paula.
O Sr. Netinho de Paula (PC do B) – Muito obrigado, nobre Vereador Floriano Pesaro. V.Exa. é jovem, experiente na política, uma pessoa de fidelidade explícita em todos os momentos, voltada sempre ao ex-Governador José Serra. Porém, quando V.Exa. cita o nome dos aliados – dos quais eu faço parte, o meu partido, o PC do B e admitimos que nem sempre somos tratados como aliados, diga-se de passagem – devo dizer que o PC do B é o partido que em todos os momentos: nos acertos, erros, virtudes, defeitos, permaneceu ao lado do Sr. Presidente Lula durante o seu Governo.
Gostaria que V.Exa. refletisse quando diz que o Sr. Presidente Lula mudou para que pudesse governar. De fato, o fez, pois é necessário. A sociedade muda, o povo muda, o mundo muda, evolui. Mudou, sim. E mudou para melhor, nobre Vereador. O povo – que faço questão de falar em nome e posso, porque vim de lá – ama essa figura. O Sr. Presidente Lula é amado pelo povo. Houve projetos sociais desenvolvidos no Governo Lula e que não podemos nos desvincular: as ações pragmáticas e práticas administradas pela ex-Ministra Dilma Rousseff. O povo está apaixonado por isso!
Gostaria que V.Exa., um jovem na idade e muito capaz e competente na política, entendesse que é necessário evoluir, e a evolução passa por esse processo que hoje vivemos no Brasil. Muito obrigado pelo aparte, nobre Vereador.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Nobre Vereador Netinho, parabenizo V.Exa. por essa intervenção – se todos fizessem intervenções tão lúcidas assim, teríamos um debate mais qualificado – e digo que o senhor tem toda a razão, porque, de fato, o PT teve de mudar para governar. Já o PSDB, não, porque sempre defendeu a mesma causa. O PT teve de mudar porque o partido sempre pregou o ódio, e muitas vezes ainda prega, ao discriminar ricos e pobres, brancos e negros, sulistas e nortistas. Esta é uma prática petista: segregar as pessoas. Por isso de temos de defender a união do Brasil, defender a ideia de o País caminhar unido para que possamos de fato alcançar um desenvolvimento.
Não só pregamos a continuidade das coisas boas como mantivemos em São Paulo aquilo que o governo anterior realizou. Mas vamos melhorá-las e faremos ainda mais, porque acreditamos de fato que o Brasil pode mais.
Muito obrigado, Sr. Presidente.