O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, Srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara São Paulo e público presente na galeria, volto ao tema do destombamento do entorno do Parque do Ibirapuera, assunto delicado de se tratar, uma vez que estamos falando de um órgão com independência, o nosso Conpresp. Temos um representante lá, o Vereador Adilson Amadeu. Esse assunto é de extrema relevância e vem repercutindo muito na cidade. É latente o descontentamento dos moradores do bairro da Vila Nova Conceição, na região do Parque do Ibirapuera, com a proposta do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental, de destombamento do bairro. Esse descontentamento faz todo o sentido, já que o Conpresp prevê rever o tombamento de seis quadras ao lado do parque para serem erguidos prédios cinco vezes mais altos do que os permitidos pela legislação atual.
É como bem diz o Sr. Abraão Badra, Presidente da Associação da Vila Nova Conceição: “Esse é um daqueles absurdos que fazem com que a população revolte-se, e com razão. Vamos piorar o trânsito e a impermeabilização do solo, sem falarmos dos prejuízos para o maior parque urbano da capital”. Segundo especialistas da área, haverá alterações na insolação incidente, afetando a sua flora, a ventilação e, por consequência, na geração de mais ilhas de calor na capital.
Vejam que não estamos falando de prejuízos somente aos moradores do bairro, que até poderiam, mas não estão felizes com a valorização de seus imóveis nessa situação. E não estão justamente porque sabem que essas alterações comprometerão a qualidade de vida em toda a nossa cidade e prejudicarão aos 20 mil cidadãos que frequentam o Parque do Ibirapuera, criado por ocasião das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo e que desde então se constituiu num dos principais, senão o principal, equipamentos de lazer dos paulistanos.
O Parque do Ibirapuera abriga ainda um dos principais viveiros da cidade de São Paulo, o Viveiro Manequinho Lopes, que será tapado com sombra caso o destombamento se efetue e sejam construídos novos prédios na região. Não podemos concordar com uma situação absurda como essa.
A exuberância de sua vegetação, a arquitetura de Niemeyer, a importância que representa essa área verde para a Cidade por promover uma quebra no caos urbano e os diversos equipamentos culturais que abriga justificam o tombamento do parque, que tem tido sua área roubada ao longo dos anos para a instalação de vários outros equipamentos no seu entorno.
A especulação imobiliária continua querendo avançar sobre o parque. O risco do destombamento dessa pequena área na Rua Diogo Jácome, próxima à Praça Cidade de Milão e ao Viveiro Manequinho Lopes, também é o primeiro passo para o destombamento do Jardim Lusitânia.
Sr. Presidente, nobre Vereador José Police Neto, V.Exa. que frequenta mais do que eu o Parque do Ibirapuera, sabe muito bem dos riscos que corremos com o destombamento daquela área. Por isso, vamos resistir bravamente até o fim, assim como fizemos em relação ao quarteirão do Itaim, também ameaçado de destombamento pelo Executivo e por algumas construtoras, e em relação à ameaça de venda do terreno da Escola Martins Francisco na gestão da Prefeita Marta Suplicy. Seremos implacáveis na defesa do tombamento do Parque Ibirapuera.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que defira a minha solicitação de envio do meu discurso ao Presidente da Associação de Moradores da Vila Nova Conceição, Sr. Abraão Badra, e aos demais moradores.
Muito obrigado.