Autoridades, convidados, imprensa, público presente. Boa noite – e noite de gala – a todos.
Um dos bairros mais bonitos e agradáveis de São Paulo, a Pompéia, faz cem anos. Não é fácil chegar aos 100 anos, com crescimento contínuo, vitalidade e se inovando a cada década. Pompéia é assim. É uma região da cidade, espremida entre Perdizes e Lapa, que reúne a atenção de pessoas preocupadas com o futuro do bairro, como meus colegas vereadores Police Neto, Mara Gabrili, Penna e Trípoli e o deputado federal Arnaldo Madeira. Eles têm histórias para contar da Pompéia, por sua ligação e atuação no bairro.
A Villa Pompéia, o nome original deste bairro, surgiu em 1910, quando a Companhia Urbana Predial, do Sr. Rodolpho Miranda, adquiriu uma porção de terras entre a Água Branca e a Lapa, a fim de construir um bairro voltado para a classe média. Foi povoada por imigrantes que em São Paulo aportavam, como italianos, portugueses, húngaros, espanhóis e franceses.
A malha ferroviária à margem do Rio Tietê teve papel crucial no desenvolvimento da Villa Pompéia. Pela facilidade de acesso a este meio de transporte (o trem), diversas empresas aqui se instalaram, como as Indústrias Reunidas Matarazzo, da família do meu amigo Andréa Matarazzo, atual secretário estadual da Cultura. E como não se lembrar da fábrica de vidros Santa Marina? Só para deixar aqui dois exemplos. Definitivamente, Pompeia fez parte do desenvolvimento de SP com suas indústrias.
Além do setor industrial, o esporte se fez presente, quando, no final do século 19, a Companhia Antárctica Paulista criou o Parque da Antarctica, um espaço de lazer para seus funcionários, próximo à fábrica. Rapidamente, a empresa passou a alugar seu campo de futebol e, anos mais tarde, a comunidade italiana inaugurou aqui o Palestra Itália, em 1914.
Aliás, nesta área esportiva, Pompéia guarda em sua história uma atividade curiosa: o bairro sediou, em 1908, a 1ª corrida automobilística disputada na América do Sul, o “Circuito de Itapecerica”. Imaginem, uma corrida automobilística aqui?
Agora, décadas depois, o bairro não é mais industrial. Mas continua esportivo. O Palestra Itália se transformou no meu querido Palmeiras – é também o time do ex-governador José Serra – no mesmo Parque Antártica.
Há quatro décadas, o bairro vem vivendo um boom cultural, com a abertura de várias instituições:
– Sesc Pompéia (liderado por meu amigo Danilo Miranda, à frente desta instituição de referência na cidade de SP);
– Companhia de Dança do Ivaldo Bertazzo, nosso amigo e que faz um trabalho belíssimo de inserção social de jovens por meio da arte da dança;
– Centro Cultural Pompéia, do competente e dedicado Cléber Falcão, organizador de eventos culturais no bairro;
– Senac, com seus cursos de primeira e que conta com profissionais como o Marcos Moreira Vaz.
– badalada Feira da Pompéia, que este ano completou 23 edições. Estive na feira no domingo à tarde, onde encontrei vários amigos, entre eles o professor Chico Alves e sua mulher Iara.
– e tantas outras manifestações artísticas, culturais, de lazer e entretenimento.
Pompéia tem também um título cultural a ostentar: foi o berço do Rock Paulista, em função do grupo Os Mutantes. Quem não se lembra do lendário trio formado por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias? Eles começam aqui. Aliás, Arnaldo e Sérgio são primos da minha mulher, Maria Eugênia.
De lá pra cá, o bairro caiu na boca dos artistas e dos profissionais ligados a todas as formas de cultura. É também o berço da escola de samba HYPERLINK “http://pt.wikipedia.org/wiki/GRCES_%C3%81guia_de_Ouro” \o “GRCES Águia de Ouro” Águia de Ouro, do Sidney Antônio Carriuolo, presidente desta agremiação, que muito nos honra com seu samba no carnaval.
Enfim, é um bairro organizado, bem estruturado. Tenho conversado com Cleide, do Conseg, e sou solidário em sua batalha na busca de mais segurança e tranqüilidade. É louvável seu esforço de manter a paz no bairro.
Pompéia cresce do ponto de vista do seu desenvolvimento imobiliário, comercial e de serviços. E isso causa até preocupação. Tem sido meu assunto nas conversas que tenho com Arnaldo Madeira, que mora no entorno da Pompéia, mas adora vir aos eventos culturais daqui e também está preocupado com a desfiguração do bairro.
Eu, como freqüentador e admirador da Pompéia, amigos de muitos “pompeienses” e até como presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal, tenho uma preocupação imensa com o aumento da especulação imobiliária aqui. Adensamento de moradias sem controle e especulação desmedida afetam qualidade de vida de todos os moradores e do meio ambiente.
É quase impossível imaginar que os sobradinhos geminados ou as casinhas típicas de um bairro residencial possam ser demolidos para dar lugar a arranha-céus gigantes. Isso trará mais trânsito, mais congestionamentos, e menos qualidade de vida, menos espaço para a convivência entre vizinhos e amigos.
Temos de ficar de olho nestas mudanças e estudar com carinho a melhor forma de tombamento para este pedaço delicioso de São Paulo: o bairro da Pompéia. Pompéia já perdeu o “Villa” de seu nome original. Não vamos deixar que perca também o seu astral de “vila”.
Para finalizar, não poderia deixar de arrematar esta história centenária da Pompéia mencionando uma testemunha ocular de todos os avanços do bairro: a dona Maria Salatino Giorni, que completará 100 anos de idade no dia 29 de maio. Ela é a moradora mais antiga do bairro.
Muito obrigado.