O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, caros Colegas, amigos da TV Câmara São Paulo, cumprimento os servidores públicos presentes pela importância de acompanhar o trabalho legislativo para que possamos avançar na garantia de direitos ao servidor público.
Sr. Presidente, o ano mal começou e nós, paulistanos, vimo-nos diante de uma possível situação de orfandade. Ouvimos estupefatos que o cinema Belas Artes, patrimônio cultural de nossa metrópole, ia ser desativado. Interesses imobiliários falavam mais alto do que a memória coletiva de nossos cidadãos. A novela, ou melhor, o filme Belas Artes, que não tem mocinho ou bandido, tem se arrastado por semanas. Agora temos uma boa notícia. Em nova reunião, foi aberta a negociação entre André Sturm, do cinema, e Flávio Maluf, proprietário do imóvel, sobre o destino daquele cinema. A previsão inicial é de que o cinema que funciona na Rua da Consolação desde 1943, fecharia suas portas nesta quinta-feira, dia 24. Chegaram a nos criticar por estarmos defendendo um patrimônio cultural privado. É um patrimônio cultural. Ponto. Está lá desde 1943. As conversas já haviam sido encerradas no dia 17, quando proposta de aluguel de 85 mil reais não foi aceita pelo proprietário do imóvel. Flávio Maluf já recebeu oferta de 150 mil reais de outra empresa e quer algo próximo ou igual a esse valor. Sturm tem até amanhã para dar um novo lance.
Hoje, às 19 horas, haverá uma audiência pública sobre o fechamento do cinema no prédio do Belas Artes. Além do valor do aluguel, o dono do imóvel lida ainda com outra questão: a abertura do processo de tombamento do Belas Artes no dia 18 de janeiro pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo – Conpresp. Dessa forma, o prédio não poderá passar por reforma sem autorização prévia do órgão municipal, o que dificulta a venda para uma loja, por exemplo. Vários Vereadores da Casa resolveram entrar firme na questão no Conpresp. Este Vereador fez isso e sei que os Srs. Vereadores Natalini e José Police Neto também o fizeram, para uma decisão emergencial, para não deixar aquilo se transformar em mais um shopping center da cidade, acabando com o patrimônio cultural.
Agora declarado o interesse de Maluf em manter o cinema funcionando no seu prédio, por decisão do próprio Conpresp; resta a André Sturm tentar um incremento no valor do patrocínio oferecido para o Belas Artes. O jornal dizia que o Banco do Brasil seria o principal parceiro do cinema, o que é bom.
Como legislador, entendo que proprietários de imóveis tenham suas demandas financeiras diante de situações de mercado, mas por isso mesmo foram criados órgãos como o Conpresp que avaliam a relevância de certos lugares como marcos culturais, ambientais e históricos, para que seja possível preservar locais ícones de nossa cidade.
Desde 1943, a cidade tem se beneficiado dessa sala de cinema. Porém, muito mais do que isso, a partir de 1967, o Belas Artes tornou-se sinônimo de cultura em São Paulo. Com suas várias salas e a escolha consensiosa de programação cultural, o Belas Artes tornou-se agente e protagonista capital do calendário cultural do Município. São anos e anos oferecendo opção de nível intelectual incomparável.
Nosso inconsciente coletivo relaciona imediatamente o Belas Artes com atividade cultural de nossa cidade. Portanto, perder esse patrimônio será altamente prejudicial, tanto para os já assíduos frequentadores de sala tão prestigiosa, quanto para uma juventude que ora se forma, tão carente de símbolos culturais relevantes.
A possibilidade de manter salas de cinema com programação eclética e intelectiva é obrigação de nossa cidade. Temos de preservar a história e a cultura municipais.
Como Vereador desta cidade, amante da sétima arte e frequentador assíduo de salas desse cinema, desejo que o filme “Cine Belas Artes” termine com final feliz.
Muito obrigado.