É um privilégio estar hoje aqui, participando de uma cerimônia entre amigos e autoridades que vieram prestar o tributo imprescindível para uma pessoa cuja trajetória nos faz lembrar que devemos todos andar nos caminhos de Ha Shem: o rabino Shabsi Alpern.
Oriundo de uma nobre família de rabinos, seu passado já fazia antever o grande líder que hoje está aqui diante de nós recebendo o justo reconhecimento da comunidade. Sua precoce convivência cotidiana com pessoas observantes, desde sua cidade natal, Dokshytsy (docshitzi), em uma aldeia chassídica da Bielorússia, foi o primeiro pilar na construção deste ser humano sagrado. Chegou aos Estados Unidos, junto com seus pais, no dia de Rosh HaShaná, celebrando aí um ano novo e uma vida nova. Teve então a extraordinária oportunidade de conviver com um tzadic, o líder máximo da vida judaica moderna, o Rebe de Lubavitch, Rabi Menachem Mendel Schneerson. Que responsabilidade e regalia teve nosso querido rabino Alpern, de aprender e depois replicar os exemplos e modelos do Rebe.
Dando seguimento à missão primordial de Rebe Schneerson, a de disseminar os ensinamentos da Torá pelo mundo afora, e por sua indicação, o rabino Shabsi chega então ao Brasil, com a sua dedicada esposa e companheira Esther, que descanse em paz.
São 50 anos de Brasil, 50 anos de incansável trabalho comunitário. Um trabalho que por vezes aparece, por vezes não, mas que inevitavelmente deixa sua marca nas pessoas.
Foram incontáveis ocasiões em que o Rabino Alpern trouxe alento para aquele angustiado com suas situações de vida, ocasiões em que indicou caminhos para quem estava perdido, ocasiões em que demonstrou a importância da prática e do ritual judaicos para alguém que se distanciara da religião e da comunidade. Quantas e quantas vezes nosso estimado rabino visitou pessoas doentes, desempenhando uma das principais mitzvot do judaísmo, o bikur cholim. Quantas e quantas vezes ele levou conforto à casa dos enlutados, com palavras de consolo indicando a ancestral sabedoria de nossos rituais de luto para aliviar a dor da perda.
Além disso, o respeito e admiração que o rabino Alpern demonstra pela mulher judia se faz presente em suas reuniões anuais, há 22 anos, com mais de 1000 dignas representantes do judaísmo. Rav Alpern, acompanhado de sua esposa Yael, fazem deste compromisso o testemunho da importância cada vez mais reconhecida da mulher judia na formação de lares íntegros e observantes.
Mas mais, muito mais, nosso rabino foi, a partir de seu carisma e dedicação, se impondo como porta voz e líder de toda uma comunidade comprometida com os preceitos e tradições com as quais o judaísmo nos brinda. O Rabino Alpern foi sabiamente conquistando o lugar de destaque que hoje ocupa tanto na comunidade judaica local e mundial, como no cenário civil de nossa cidade e de nosso país.
Porém, tudo isso fica quase ofuscado diante da trilha que Shabsi Alpern tem incansavelmente percorrido no que tange a guemilut chassadim. Seus atos de bondade e caridade deram origem às suas obras assistenciais, que hoje transcendem e muito o universo comunitário e são reconhecidas como altamente meritórias. Seu projeto Felicidade, que oferece diversão e alegria a crianças e adolescentes de classes menos favorecidas com câncer, é um dos exemplos altruístas de como transpomos a barreira das intenções e podemos, com esforço e vontade, partir para uma ação efetiva de Tikun Olam, o aperfeiçoamento deste mundo.
Como reconhecimento desta trajetória, Alpern, em 1977, recebeu o Título de Cidadão Paulistano na Câmara Municipal e em 2003 recebeu a Medalha dos Bandeirantes das mãos do Governador Geraldo Alckmin.
Já em 2009, com o status de reconhecimento mundial, foi eleito membro da diretoria do Agudas Chasidei Chabad, organização máxima do movimento Chabad-Lubavitch Mundial.
E hoje, venho aqui entregar a placa comemorativa do voto de júbilo que humildemente propus e que prontamente nossa Câmara Municipal outorgou ao Rabino Alpern.
Eu poderia passar a noite tentando enumerar as qualidades, destacar a visão, salientar a sabedoria e a erudição de nosso rabino Alpern, mas somos tantos que temos o que agradecer e louvar, que simplesmente aqui me detenho dizendo:
Mazal Tov, grande rabino, por seus 50 anos em nosso país e Mazal tov, para todos nós, por termos tido o benefício de desfrutar de sua presença e de sua sabedoria por estes 50 anos. Que possamos contar com sua luz nos indicando o caminho por muitos e muitos anos.
Muito obrigado.