Que emoção poder realmente ver aqui algumas pessoas que mais do que merecidamente recebem a homenagem da lembrança no dia de hoje.
São eles, hoje já alquebrados, que sentiram a barbárie em suas peles, em suas famílias, em seus futuros roubados. São seus pais, seus irmãos, seus tios, avós e amigos que jazem nas valas comuns das terras da Europa, impregnando para sempre o solo com o tamanho da atrocidade.
Mas, hoje, junto com estes sobreviventes, todos nós somos as bandeiras deste caídos, somos seus porta-vozes, seus representantes, suas famílias.
Hoje falamos por eles, lembramo-nos deles, trazendo sua voz de dor, de denúncia, de alerta e de reparo para o presente.
É somente através de ocasiões como esta, quando todos nós, como povo e como humanidade, nos unimos na recordação, é que poderemos advogar a coexistência, a diversidade e a tolerância.
É em ocasiões como esta, em que assumimos nossa posição de guardiões é que podemos fiscalizar, denunciar e protestamos contra a possibilidade de semelhantes horrores futuros.
É em ocasiões como esta que, através da memória, educamos aqueles que nem perifericamente tiveram contato com o Mal em nosso mundo.
Sinto na alma o orgulho de ter cumprido um dever político. Através da lei minha iniciativa, com o apoio de todos, a cidade de São Paulo se uniu ao mundo do bom senso e determinou o dia 27 de Janeiro, a tão paradigmática data da libertação do campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, para honrar as vítimas do Holocausto.
Mas além, muito além, hoje, aqui, podemos estampar um sorriso no rosto, vendo que o povo judeu está ativo, resplandecente e se multiplicando.
Estes senhores que lá perderam suas famílias, estão hoje aqui, rodeados de filhos, netos e bisnetos, para dizer em alto e bom som: Am Israel Chai!