A exposição “Tecendo Histórias, Traçando Pontes”, em cartaz na Casa das Rosas, apresenta bordados das histórias de mulheres que vivem a realidade dos bairros periféricos de São Paulo e dos subúrbios da região metropolitana de Paris. A proposta principal do evento é promover um diálogo entre as bordadeiras, o público presente e as obras. A exposição fica em cartaz até o dia 6 de dezembro.
Formada por 38 peças, a mostra é resultado do projeto de mesmo nome, que integra a programação do Ano da França no Brasil, e utilizou o trabalho artístico com o bordado para promover um intercâmbio cultural entre as participantes – 32 brasileiras e seis do grupo francês, formado por francesas e mulheres radicadas no país.
Os trabalhos realizados durante o projeto estão expostos lado a lado em dois painéis coletivos. “A ideia é representar o encontro dessas mulheres e de suas culturas”, explica Valdirene Gomes, coordenadora do Tecendo Nossa História.
As atividades do “Tecendo Histórias, Traçando Pontes” ocorreram simultaneamente no Brasil e na França, nos meses de setembro e outubro. As oficinas de bordado foram realizadas em três núcleos: no Centro de Cidadania da Mulher, em Santo Amaro, na Fundação Stickel, em Brasilândia, e na AssociaçãoUne Oasis dans la Ville – Autour de Vous, no município de Aubervilliers, localizado no entorno da capital francesa.
No projeto, três grupos de mulheres de comunidades diferentes ficaram em suas respectivas regiões durante sete semanas elaborando seus bordados, em sua maior parte sobre recordações e histórias de vida. Depois, os três grupos se uniram por uma semana na capital paulista e trocaram experiências e impressões.
As participantes dos dois países se encontraram em São Paulo. Além de conhecer as histórias dos bordados uma das outras, elas realizaram um roteiro cultural pela cidade e visitaram os bairros onde moram as mulheres do grupo do Brasil: Brasilândia, Cidade Tiradentes e Santo Amaro.
As moradoras de Aubervilliers ficaram na cidade de São Paulo por uma semana. Nesse período, elas conheceram as mulheres do Brasil e a cidade – o centro e os bairros das periferias, onde moram as participantes
Tão importante quanto bordar é identificar a imagem que se deseja retratar. Assim, a primeira parte do trabalho consistiu na sensibilização das participantes para que pudessem refletir, por exemplo, sobre o cotidiano, o local onde moram, o trabalho e a família.
Na sequência, elas foram apresentadas a artistas contemporâneos. Entre eles, Artur Bispo do Rosário, Rosana Palazyan e Leonilson, que utilizaram o bordado como linguagem plástica.
Na fase seguinte, elas criaram o desenho e, junto com a coordenadora do projeto e facilitadora das oficinas, Valdirene Gomes, aprimoraram a plasticidade das imagens, tendo como referência ou inspiração fotografias, ilustrações, catálogos de mostras de cinemae obras de artistas como Van Gogh, Klimt, Kandinsky, entre outros.
Na etapa final, o desenho foi transferido para o tecido – considerando a intenção da participante, a harmonia das formas e a proporcionalidade – e só então se iniciou o bordado.
Serviço: Exposição Tecendo Histórias, Traçando Pontes
Período: 24 de outubro até 6 de dezembro
Local: Biblioteca da Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura.
Endereço: Av. Paulista, 37, Bela Vista – São Paulo.
Visitação: de terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábado e domingo, da 10h às 18h. Entrada franca.