O Banco Interamericano de Desenvolvimento aprovou um financiamento não reembolsável de alcance regional de até US$ 2,25 milhões para apoiar iniciativas que ampliem o protagonismo político das mulheres na América Latina e Caribe, em especial das afrodescendentes e indígenas.
A doação, proveniente do novo Fundo de Multidoadores para Gênero e Diversidade do BID criado em maio de 2009, financiará várias iniciativas para alcançar esse objetivo em países da região durante um período de três anos. Serão realizadas convocatórias para selecionar e financiar as iniciativas que melhor impulsionem a igualdade de gênero e o acesso da mulher ao âmbito político.
Os fundos poderão financiar iniciativas que ajudem a criar redes de intercâmbio, facilitem a transferência de ideias, estratégias e recursos e promovam a conscientização da importância de contar com a participação das mulheres nas instâncias decisórias.
O projeto, chamado “Novos Horizontes: Para uma maior participação política das mulheres”, é aprovado pelo BID em um momento em que as mulheres avançam vigorosamente para os cargos políticos mais altos na região. Michelle Bachelet foi eleita presidente do Chile em 2005, no ano seguinte os jamaicanos levaram Portia Simpson Miller à posição de primeira-ministra e, em 2007, Cristina Kirchner chegou à presidência da Argentina por voto popular.
Em apenas dois anos, de 2005 a 2007, o número de mulheres em cargos de ministério na América Latina subiu de 15% para 24% do total, e o Chile tornou-se o primeiro país das Américas e o terceiro do mundo, atrás de Espanha e Suécia, a ter igual número de mulheres e homens no ministério.
A presença feminina também cresceu continuamente no poder legislativo, em parte porque 12 países da região adotaram um sistema de cotas que estabelece uma representação mínima de mulheres nas chapas eleitorais. O número de mulheres parlamentares na América Latina e Caribe aumentou de 7% em 1990 para 19% em 2009.
Apesar dos avanços, a igualdade de gênero ainda está muito longe de ser uma realidade, conforme comprova um estudo recente do BID que encontrou grandes defasagens salariais entre homens e mulheres e entre diferentes grupos étnicos na região. De fato, o crescimento da participação feminina em cargos públicos não inclui as mulheres indígenas ou afrodescendentes, mesmo nos países em que a população dessas origens é numerosa.