O prefeito Gilberto Kassab inaugurou na manhã desta sexta-feira (5/2) o Serviço de Atenção Integral ao Dependente (Said), na região de Heliópolis, Zona Sul. Trata-se do primeiro centro público da capital para atendimento a dependentes químicos em momentos de crise. Nesta primeira etapa estão disponibilizados 20 leitos para adultos. Com a conclusão do prédio serão fornecidas 80 vagas.
Kassab explicou que o Said auxiliará a Prefeitura a tratar dependentes químicos de regiões degradadas como a antiga Cracolândia. "Esse equipamento representa a consolidação da nossa rede de atendimento a dependentes químicos e a pessoas com transtornos mentais, especialmente aqueles de regiões específicas da cidade que sofreram com o descaso e o subdesenvolvimento ao longo das últimas décadas", disse o prefeito.
O centro possui área de 11 mil m² e terá 80 leitos, sendo oito infantis, 32 para adolescentes e 40 para adultos. A unidade contará com quadra poliesportiva, espaços de convivência e lazer, refeitório e ambulatório. O investimento é de R$ 5,5 milhões.
Os pacientes do Said Heliópolis terão à disposição uma equipe de mais de 600 profissionais, desde médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, além de professores de educação física e de alfabetização. Kassab destacou o investimento expressivo da Prefeitura para a instalação da nova unidade: a manutenção mensal deve custar em torno de R$ 1,5 milhão. Apenas para comparação, a manutenção de uma AMA 24h (Assistência Médica Ambulatorial) é de cerca de R$ 500 mil/mês, sendo que a unidade realiza 6.500 consultas/mês.
O tempo de permanência do paciente na nova unidade é de trinta dias, prorrogável por mais trinta ou sessenta dias, conforme avaliação da equipe de acompanhamento dos casos. "No Caps Álcool e Drogas, não há a permanência do paciente – no máximo, ele fica internado por sete dias. Este equipamento é para quem já passou pelo Caps mais de uma vez e então é encaminhado para cá para ficar internado. Ele passará por um trabalho que, no fundo, é o mesmo do Caps, só que ampliado", explicou o secretário da Saúde, Januário Montone.
No Said, os pacientes passam, nessa ordem, pela recuperação clínica; estabilização do transtorno mental; desintoxicação; e resgate de cidadania e dos vínculos familiares. Com a convivência social restabelecida, o tratamento continua nos Caps Álcool e Drogas, que promovem a inserção dos pacientes na rede de cuidados de saúde geral do território.
O Serviço de Atenção Integral ao Dependente está localizado na avenida Almirante Delamare, 3.033. A área, pertencente à Cohab, havia sido invadida e transformada em motel. A Prefeitura retomou o terreno e reformou todo o prédio. Essa estratégia permitiu uma grande economia aos cofres públicos, bem como uma destinação da área com benefício a toda a população.
Operação Centro Legal
O espaço inaugurado hoje atenderá prioritariamente a dependentes apontados para tratamento pela Ação Integrada Centro Legal, parceria entre a Prefeitura de São Paulo, Governo do Estado, Poder Judiciário, Ministério Público e sociedade civil para recuperar o Centro da capital paulistana.
"Afirmamos que a maioria das pessoas que estão lá não têm seu maior problema no campo social, mas no campo da saúde. Equipamentos como este nos ajudarão a solucionar esses problemas sérios que essas pessoas têm. Elas são normalmente pessoas sem recursos que precisam ser tratados em equipamentos públicos", garantiu Kassab.
O atendimento será prioritário aos pacientes oriundos da Ação Integrada Centro Legal, ou seja, pacientes encaminhados pela Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Sé, AMA Boracea, Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas Sé e CAPS Infantil Sé.
De acordo com a secretaria da Saúde, desde o lançamento da Centro Legal, em julho de 2009, foram feitas mais de 50 mil abordagens, feitas por 27 equipes. Apesar disso, 87% dos abordados recusam tratamento ou mesmo conversar com os agentes. Até janeiro, 1.508 pessoas – 78,5% delas dependentes de álcool e/ou drogas – receberam tratamento médico, em um total de 2.601 encaminhamentos – ou seja, muitos foram encaminhados mais de uma vez. Ao todo, foram feitas 170 internações.
O secretário Januário Montone explicou que o tratamento de um dependente químico é um processo lento, cheio de recaídas e recomeços. "Quem olha de fora diz, ‘mas é a mesma pessoa uma vez, duas vezes, sendo atendida. E é mesmo. Talvez seja três, quatro, cinco vezes, e quem sabe na sexta vez ela aceite o tratamento para que ela possa se recuperar. Esse tipo de ação não tem prazo para acabar. Você depende de ganhar a confiança daquelas pessoas em situação de dependência", explicou.
FONTE: Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo