O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, boa tarde. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a nobre Vereador Noemi Nonato, por gentilmente ter cedido seu tempo.
Gostaria de abordar dois assuntos ainda polêmicos na cidade de São Paulo, que o PT não apenas não resolve como prejudica.
O primeiro deles diz respeito aos ônibus – assunto muito bem abordado pelo meu Colega de bancada, o nobre Vereador Andrea Matarazzo –, especialmente sobre o novo limite que a Prefeitura passou a permitir para a lotação dos ônibus em São Paulo.
O Prefeito Fernando Haddad baixou um decreto, provavelmente com a orientação do Secretário de Transportes Jilmar Tatto, que, na minha opinião, é uma barbaridade. Aliás, mais uma das barbaridades do PT, que vende a ideia de que vai melhorar, de que está melhorando, e que mede a satisfação do usuário através da opinião pública, provavelmente através de alguma pesquisa encomendada, enfim.
Todos os tipos de ônibus em São Paulo – micro-ônibus, miniônibus, midiônibus, básico, padron, padron 15m, articulado, biarticulado –, com exceção dos mini, todos terão de poder transportar até seis passageiros em pé por metro quadro.
Hoje, para que o telespectador entenda, o transporte coletivo na cidade de São Paulo transporta, em média, quatro passageiros por metro quadrado – no miniônibus, menores e mais completos, a taxa é de até quatro pessoas por metro quadrado. E é uma porcaria, uma lástima.
O Sr. Alfredinho (PT) – V.Exa. permite um aparte?
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Em breve, Vereador Alfredinho.
O que o Sr. Prefeito quer é transportar até seis passageiros por metro quadrado. Ora, S.Exa. deveria diminuir o número de passageiros em pé por metro quadrado.
Primeiro: porque a Prefeitura não fiscaliza – a fiscalização da SPTrans é zero. Segundo: porque o sistema é uma porcaria, não funciona, carrega os paulistanos como sardinha em lata. Não obstante, agora, de acordo com os manuais dos técnicos da Secretaria de Transportes – aliás, esperamos que sejam técnicos mesmo, não esses que o PT nomeia, pessoas sem qualquer habilidade técnica, nomeados porque são companheiros, não porque são técnicos –, os ônibus da categoria básica poderão levar até 65 passageiros sentados, além dos passageiros que vão em pé e os cadeirantes. Mas o Sr. Prefeito crê que está sobrando espaço.
Há espaço, nobre Vereadora Sandra, nobre Vereador Alfredinho? Professor de matemática, nobre Vereador Toninho Vespoli, me ajude: são 65 passageiros por ônibus, por carro, mas o Sr. Prefeito crê que cabe mais.
Por meio desse decreto, S.Exa. está elevando para 75 o número de passageiros por carro. Vou repetir: são seis passageiros por metro quadrado. Vamos simular essa situação? Não sei se nesse quadrado, que demarca o espaço reservado ao microfone de aparte, comportaria seis Srs. Vereadores. Vamos ver como fica? Vamos fazer essa experiência? Agora, pedimos para desligar o ar condicionado. Temos de considerar os buracos da rua, as trocas de marcha. Estamos rindo da tragédia, mas é importante destacar isso para os telespectadores da TV Câmara São Paulo. Estamos falando de uma tragédia na cidade de São Paulo, que é o transporte coletivo de ônibus e que ficará pior com a decisão do Prefeito Haddad. Vai ficar pior.
Concedo aparte ao nobre Vereador Alfredinho.
O Sr. Alfredinho (PT) – Nobre Vereador Floriano, talvez V.Exa. não conheça o novo projeto do sistema, que está sendo totalmente remodelado e estudado. A droga a que V.Exa. se refere, o transporte coletivo, foram V.Exas. que deixaram.
Quando a ex-Prefeita Marta Suplicy deixou o Governo, o sistema de transporte era o mais bem avaliado, até mais que a saúde. Vamos relembrar os fatos. O transporte coletivo era o ponto forte da Sra. ex-Prefeita, com o Bilhete Único, a criação de corredores de ônibus e a renovação da frota, por isso, era bem avaliado.
Hoje, o sistema deixado por V.Exas. é o que tem pior avaliação. Talvez, só perca para a saúde. Por quê? Porque não foram feitos corredores, renovação de frota e nem implantados sistemas que pudessem melhorar o transporte.
O que se pensa hoje? Acompanhei esse processo e o pensamento é fazer voltar os corredores, construir terminais e os miniônibus – que chamam de micro -, que serão trocados por ônibus maiores, ficarão circulando nos bairros, levando as pessoas até os terminais e nos terminais, corredores para transportar o passageiro até seu destino final, usando ônibus biarticulados, aqueles grandões, próprios para circularem nas avenidas da periferia, porque são baixos, só circulam em corredores. Hoje o que está errado é isso, eles estão circulando em lugares impróprios. É assim que está sendo pensado o transporte coletivo, mais o Bilhete Único Mensal, que a partir do final de ano já deverá estar funcionando. No meio do ano, funciona em período experimental e, no final do ano, já funcionando. Pode ter certeza e cobrar que, daqui a alguns dias, o transporte estará muito melhor.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Vamos cobrar, porque esse é o papel do PSDB nesta Casa, como Oposição. O transporte coletivo, o de ônibus, é ruim há muito tempo em São Paulo. Há muito tempo.
O Governo anterior substituiu grande parte da frota por frota biodiesel e os ônibus elétricos voltaram a circular. Então, cada um tem uma prioridade, mas, pelo menos, os ex-Prefeitos Serra e Kassab não ampliaram o número de pessoas por metro quadrado dentro do ônibus.
O que o Prefeito Haddad quer fazer é uma injustiça, uma perversão contra o trabalhador paulistano, porque nos ônibus articulados, que antes tinham de dispor da capacidade mínima de cem passageiros, agora, por esse Decreto do Prefeito Haddad, vão poder transportar no mínimo 111 e, no máximo, 171 pessoas. Pode variar de 18 a 23 metros, ou seja, um ônibus de 23 metros com 171 pessoas.
O Sr. Wadih Mutran (PP) – Nobre Vereador, nós já ouvimos V.Exa. falar, pedimos aparte. Dê aparte para nós. está acabando o tempo.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, ainda que seja o nosso decano, S.Exa. não pode fazer isso na minha fala.
O Sr. Wadih Mutran (PP) – V.Exa. está repetindo tudo outra vez só para não dar aparte.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Mas eu posso repetir o que eu quiser.
O Sr. Wadih Mutran (PP) – Pode falar o que o V.Exa. quiser. Só estou dizendo o que está acontecendo.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, não posso brigar com o nobre Vereador Wadih, porque tenho um grande respeito por ele.
Concedo aparte ao nobre Vereador Coronel Telhada.
O Sr. Coronel Telhada (PSDB) – Muito obrigado, nobre Vereador Floriano, pelo aparte que me concede, e quero lembrar sobre o que ocorre neste debate. Sabemos que o problema de transporte público, não só em São Paulo, como em todas grandes cidades do mundo, é um problema sério, devido ao tamanho da Cidade, devido a muitas ruas não serem próprias para o tamanho dos coletivos.
Sabemos também do número de pessoas que residem na Cidade. Sempre houve esse problema e vai continuar por um bom tempo. Mas o interessante é a maneira um pouco politiqueira de tentar resolver a situação, aumentando o número de pessoas dentro do ônibus. Vimos, nesta semana, numa matéria de jornal, um ônibus transitando lotado, com as portas fechadas e um cidadão pendurado do lado de fora.
Temos na Casa um representante, meu grande amigo, nobre Vereador Vavá, que foi motorista por muitos anos e passou pelas agruras desse povo tão sofrido, dessa profissão tão mal interpretada, como é o motorista de ônibus, que às vezes se estressa no trânsito e é obrigado a ouvir xingamento dos passageiros, muitas vezes sem ter culpa do que acontece. Vemos que essa situação vai continuar, não só a superlotação dos ônibus, como também as portas estarem impossibilitadas de fechar, muitas pessoas viajando do lado de fora, e a responsabilidade maior vai caber ao motorista. Mais uma vez ele será responsabilizado.
A nossa postura, principalmente a minha, quero deixar bem claro, não é criticar jamais A ou B, criticar o governo que passou ou o do Prefeito Haddad, por quem tenho grande respeito como militar que sou. Fui ensinado desde a mais tenra escola militar a respeitar as autoridades e isso faço com muita propriedade, muitas vezxes não concordando com as posturas em alguns momentos.
A situação é politiqueira e a Casa tem de se manifestar a respeito disso, no sentido de evitar que o nosso povo sofra mais ainda. A solução neste momento – eu entendo – seria, se possível, aumentar a frota; se possível, diminuir o número dos carros – o nobre Vereador Vavá, melhor do que eu, pode dizer isso -, mas não dizer que tem de aumentar o número de passageiros. Parece que é algo irônico, estão ironizando a situação.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – É perversão mesmo.
O Sr. Coronel Telhada (PSDB) – Parece que é brincadeira: vamos aumentar o número de passageiros dentro do ônibus. O ônibus não aumentou, não é elástico. Como é que podemos aumentar o número de pessoas dentro do ônibus? É uma situação insalubre.
Demostramos agora que não cabem seis pessoas no espaço, com mulheres grávidas, senhoras, o pessoal chegando do serviço cansado, suado, com mochila, no dia de chuva, tudo fechado, sem ar condicionado. Então é uma maneira ingrata e politiqueira de ver a situação.
Parabéns, nobre Vereador Floriano.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Muito obrigado.
No ônibus biarticulado, vai de 160 para 198 pessoas.
Mais me preocupa não é só o fato de que o Prefeito Haddad vai colocar todos os usuários do transporte coletivo como sardinhas enlatadas. E as mulheres? Hoje já são muitas vezes vítimas de assédio sexual e outros assédios dentro do ônibus. Como que se faz num espaço de um metro para seis pessoas?
Concedo um aparte ao nobre Vereador Wadih Mutran.
O Sr. Wadih Mutran (PP) – Nobre Vereador Floriano, é muito fácil ir à tribuna da Câmara Municipal de São Paulo e falar contra o Prefeito, sobre o problema de seis pessoas por metro quadrado – isso em primeiro lugar.
Em segundo lugar, possivelmente o Prefeito Haddad deve estar aprendendo com o governo de V.Exa., que põe mais de 10 pessoas por metro quadrado dentro do metrô. V.Exa. não falou do metrô, só dos ônibus.
Eu faço um desafio a V.Exa. – já fiz vários na Câmara e ganhei todos – vamos medir os ônibus, quantas pessoas são, e também o metrô. Depois quero ver V.Exa. falar no microfone a realidade dos fatos. V.Exa. está metendo o pau no Prefeito. Devemos dar o melhor para os passageiros de ônibus e metrô, ou qualquer tipo de transporte. Não é como V.Exa. está falando. Vamos ver de perto. V.Exa. está sendo desafiado a me acompanhar aos pontos de ônibus e no metrô, e a Câmara saberá da verdade.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Aceito o desafio do nobre Vereador Wadih Mutran. Vamos andar no metrô e nos ônibus e vamos mostrar que o que o Prefeito faz é uma perversão. É contra o trabalhador paulistano ampliar o número de pessoas no ônibus.
Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que recomponha meu tempo.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Frange – PTB) – Nobre Vereador Wadih Mutran, apenas para deixar claro, iremos prorrogar mais dois minutos na fala do nobre Vereador Floriano em função de um critério a que temos de prestar atenção. Aparte é a interrupção consentida, breve e oportuna do orador. Não pode passar de dois minutos, para que possamos ter um dialogo e manter um debate de bom nível, cada um no seu tempo e consentido.
Devolvo a palavra ao nobre Vereador Floriano Pesaro.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Muito obrigado Sr. Presidente, nobre Vereador Paulo Frange.
Concedo aparte ao nobre Vereador Ricardo Young.
O Sr. Ricardo Young (PPS) – Obrigado, nobre Vereador. Depois gostaria de um esclarecimento do nobre Vereador Wadih Mutran, porque, se o Sr. Prefeito Fernando Haddad está aprendendo com os erros do Governador, certamente o Governador não deve ser seguido na sua orientação. Parece-me que o Sr. Prefeito está cometendo o mesmo erro do Governador. Enfim, depois V.Exa. explica, porque não entendi.
Digo que temos de tirar os carros da rua. Não podemos tirar os carros da rua por decreto. São Paulo não suporta mais tantos carros nas ruas e precisamos induzir os usuários de automóveis a usar transporte público, e para isso precisamos aumentar o conforto e a conveniência do transporte público. Como podemos aumentar adesão se estamos diminuindo o conforto?
Há pouco ouvi um debate sobre Estado mínimo, Estado máximo, interesse do Estado. Por que o Governo está tentando colocar, como sardinhas em lata, mais gente dentro dos ônibus? Afinal de contas, se o Estado é a favor da população, por que está abusando da população como, talvez, a pior empresa privada faria? Quer dizer, quer rentabilizar o espaço sacrificando o usuário. Não estou entendendo. Depois o nobre Vereador Paulo Frange pode me explicar como é que o Estado, que deveria estar a favor da população, a favor da cidade de São Paulo, facilitar o transporte público para o usuário de automóvel, pune aquele que usa transporte público? Em nome do que isso está acontecendo?
Muito obrigado.
O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Muito obrigado, nobre Vereador Ricardo Young. Não tenho uma resposta, talvez científica, para lhe dar; mas, por opinião, é em nome da ganância. É à ganância, provavelmente, que o sistema de transporte público, da rede, na Cidade de São Paulo, que o Prefeito neste momento se curva. Essa é a realidade nua e crua da ação do Sr. Prefeito diante da notícia de hoje, desse decreto absurdo, injusto e covarde contra a população paulistana.
Muito Obrigado, Sr. Presidente.