Sr. Presidente da Câmara Municipal, srs. Vereadores, telespectadores da TV Câmara, Boa Tarde.
Uma das minhas principais bandeiras nesta Casa tem sido a Mobilidade Humana. Temos que repensar a lógica individualista de locomoção vigente em nossa cidade.
Infelizmente, neste domingo, mais um ciclista foi vítima de acidente na Avenida Paulista. A irresponsabilidade de um motorista alcoolizado, tirou um braço do lavador de janelas David Santos Souza, que ia para o trabalho de bicicleta.
Até quando teremos que lamentar acidentes como este? Há exatamente um ano a bióloga Juliana Dias, que também ia para o trabalho de bicicleta, foi atropelada por um ônibus, na mesma Avenida Paulista. Sem esquecer da Márcia Prado, que morreu em janeiro de 2009.
O poder público e os motoristas precisam aceitar que muitas pessoas se deslocam pela cidade de bicicleta. Isto é um fato. Bicicleta é meio de transporte, previsto, inclusive, no Código Nacional de Trânsito.
Uma das medidas que temos que tomar para começar a reverter essa realidade é, sem dúvida, a implantação de mais ciclovias, ciclofaixas e rotas alternativas em nossa cidade.
Para que tenhamos sucesso nessas medidas é fundamental que o Poder Público ouça os ciclistas. Quem pedala pelas ruas sabe onde estão os seus problemas e quais delas são as mais seguras.
A prefeitura precisa simplesmente cumprir a lei. Desde 1995, todo estudo, projeto e obra viária no Município de São Paulo visando a construção de avenidas devem contemplar, OBRIGATORIAMENTE, espaço para implantação de ciclovias.
Este decreto tem quase 20 anos e quase nada foi feito. Um exemplo recente é a Avenida Eliseu de Almeida, no Butantã. No início do mês, ciclistas fizeram um protesto na avenida, para cobrar a ciclovia que estava prevista no projeto, mas infelizmente ficou no papel.
Desde 2004 a população espera por esta ciclovia e no próximo sábado, a partir das 10 horas, os cicloativistas vão se reunir nesta Casa para cobrar mais uma vez a construção da ciclovia da Avenida Eliseu de Almeida.
Vale lembrar ainda da importância da ampliação e manutenção das ciclofaixas de lazer, que já conquistaram cerca de 120 mil usuários nos dias em que funciona (domingos e feriados nacionais). Uma opção divertida, saudável e gratuita para o cidadão paulistano.
Meus nobres colegas, esse é um caminho sem volta. Não podemos mais priorizar apenas uma matriz de transportes. Temos que pensar a cidade de forma integrada, com cada vez mais opções de conexão de modais de transportes.
As pessoas podem usar a bicicleta para fazer um trecho do caminho, depois pegar um ônibus, trem ou metrô, desde que a infraestrutura para isso seja criada. Notem que, além de ajudar a repensar os meios de transporte e a mobilidade em nossa cidade, a ciclofaixa é uma forma de revitalizar e deixar toda cidade mais ágil.
Vejam que, aos poucos, vamos criando espaços para contestar a forma que a Política Urbana de Transportes vem sendo pensada. É importante salientar que temos que repensar o mobiliário urbano se quisermos, de fato, mudar a lógica de transportes. Estamos para iniciar os debates sobre o Plano Diretor e este assunto será inevitável e essencial para mudar os caminhos da cidade.
A bicicleta já é um importante meio de substituição ou complementação aos veículos automotores. E ganha cada vez mais adeptos, que, na maioria das vezes, tem seu primeiro contato com as pedaladas nas ciclofaixas de lazer, como essa que passa pela Avenida Paulista.
Vamos continuar propondo rotas, pensando meios de fomentar as alternativas de transporte e, também, fiscalizando o funcionamento do que já foi feito até aqui.
Está na hora de fazer campanhas educativas para conscientizar motoristas e ciclistas. A exemplo da campanha “Dê preferência à vida – Respeite o Pedestre”, que auxilia os pedestres na travessia das grandes avenidas e já mostrou resultados positivos, com a diminuição de atropelamentos.
Muito Obrigado.