Há pouco menos de um mês, compartilhei aqui a reflexão sobre o grave problema da violência contra a mulher. Nesta semana em que a Lei Maria da Penha completou 12 anos, duas operações policiais prenderam 46 suspeitos de praticar algum tipo de violência contra a mulher no Rio de Janeiro e outros 65 em Minas Gerais.
Nos noticiários, nove mulheres deixaram de ser mera estatística e seus nomes, rostos e histórias nos deixaram estarrecidos. Tatiane Spitzner (29 anos), Josefa Maria da Silva (42 anos), Andreia Campos de Araújo (29 anos), Simone da Silva (25 anos), Carla Graziele Rodrigues Zandoná (37 anos), Adriana Castro Rosa Santos (40 anos), Marília Jane de Sousa (58 anos), Tatiane Rodrigues da Silva (30 anos), Monalisa Camila da Silva (36 anos), assassinadas covardemente por maridos ou ex-companheiros por mero ciúme ou inconformismo. Graças à tipificação do assassinato de mulheres por violência de gênero como crime hediondo no Código Penal, estes agressores não ficarão impunes pelo feminicídio – quando a vítima é morta pelo simples fato de ser mulher.
Mas o caminho para a redução da violência contra a mulher é longo e ainda estamos dando os primeiros passos. O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira, dia 9, por exemplo, registra um aumento de 8% do número de estupros no País, no ano de 2017. Foram mais de 60 mil casos. Segundo as estatísticas da Central de Atendimento à Mulher (Disque 180), porém, apenas 10.225 casos de violência sexual foram delatados ao serviço.
De janeiro a julho de 2018, o Disque 180 recebeu quase 80 mil denúncias de agressão a mulheres no País. Violência física, psicológica, sexual, moral, cárcere privado. Os casos de feminicídio, segundo o Anuário, cresceram de 21,9% dos homicídios de mulheres em 2016 para 24,8% em 2017.
Pouco a pouco, vamos rompendo o silêncio diante de tamanha brutalidade e covardia. Meros números e dados estatísticos ganham rostos que convocam a sociedade a reagir. Criminalização e indignação são armas importantes para o combate à violência contra a mulher, uma violência endêmica.
Eu insisto, está mais do que na hora de colocarmos o dedo na ferida e expor as causas mais cruéis e inadmissíveis dessa violência que desconhece diferenças sociais: a cultura machista da sociedade brasileira. O enfrentamento das causas do feminicídio começa na sociedade.
Que exemplo damos às crianças com nossos comentários, com o que assistimos, lemos, ouvimos? Estamos educando nossas crianças para conviverem entre si como iguais, ou estamos reproduzindo a velha cultura do homem dono do destino e da mulher sua fiel seguidora? Estamos educando nossas crianças para que respeitem e valorizem o protagonismo de cada indivíduo sobre suas vidas, ou continuamos velada e subliminarmente a alimentar o preconceito de gênero que trata a mulher como coisa e propriedade do homem que não pode ser contrariado em seus desejos?
Está lançada a proposta. Vamos consolidar programas e políticas públicas que promovam a inclusão de todas. Vamos cobrar do poder público atenção especial à formação de nossas crianças e jovens. Vamos juntos discutir e combater as causas.
Vamos agir com urgência, os números são alarmanted.
Temos que agir com urgência ! E nossas crianças são as maiores vítimas da violencia.
Temos que agir com urgência ! Nossas crianças são as maiores vítimas da violencia