Nessa edição, a revista do Clube Hebraica abre com uma matéria especial sobre as 21ª Macabíada, ou Olimpíadas Judaicas, a maior competição esportiva judaica do mundo – e uma das únicas competições atléticas internacionais reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Neste ano, após o intervalo decorrente da pandemia, judeus de todo o mundo voltarão a confraternizar e disputar eventos esportivos, sempre com centralidade nos valores Maccabi, entre os dias 12 e 26 de julho.
Muito já falamos aqui, inclusive no último texto, sobre essa competição que representa mais uma das inúmeras relíquias históricas e culturais que a comunidade judaica cultiva por toda a sua história. Vale a pena, então, conhecermos um pouco mais sobre a história do seu idealizador, Yosef Yekutieli.
Como sabemos, as Macabíadas nasceram do sonho de Yosef Yekutieli, um jovem de 15 anos que, inspirado pelas Olímpiadas e pela crença no papel do esporte como promotor da paz, elaborou o que seria a 1ª Macabíada em 1932 na cidade de Tel Aviv, em Israel. Yekutieli tem uma história pouco explorada nos livros, mas que nos ajudam a compreender a razão pela qual ele se dedicou ao esporte como ferramenta de busca pela paz.
O jovem judeu nascido no território russo, onde agora é a Bielorrúsia, teve sua educação formal em Tel Aviv, onde viveu sua adolescência e, também, teve o primeiro contato com o esporte pela prática do futebol no time “Maccabi Tel Aviv”. Tudo ia bem até o terror do conflito interromper seus sonhos com a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
Em 1918, em meio ao extermínio judeu promovido pelo nazismo, Yekitueli foi exilado, assim como tantos judeus, em Anatolia, hoje sudeste da Turquia. O horror da guerra não combinava com a prática esportiva. Ambos são diametralmente opostos: basta lembrar que as únicas vezes em que não houve jogos Olímpicos foram nos anos de em 1916 – em decorrência da Primeira Guerra Mundial – e em 1940 e 1944 – em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Não há esporte sem paz, mas há paz por meio do esporte.
Foi com essa crença que Yosef Yekutieli voltou a Tel Aviv, findada a guerra, e dedicou-se ao trabalho de estruturação da soberania israelense por meio da sua atuação profissional na Comissão Sionista, na Companhia de Desenvolvimento Territorial da Palestina e na Israel Electic Corporation, onde apoiou a aquisição de terras para construção de linhas de alta tensão de Naharayim a Tel Aviv.
Aqui tem outro aspecto importante na trajetória do jovem judeu que deixou sua marca no mundo do esporte e da paz entre as nações: não há paz sem soberania. Não há paz sem que seja garantido o direito supremo dos povos sobre seus territórios e, dessa forma, não haveria paz sem Eretz Israel reconhecida, estruturada e respeitada.
Após esse trabalho profissional, mas, também, comunitário em seu propósito, Yekutieli dedicou-se a fundar instituições esportivas – sua paixão que fora suspensa no advento dos horrores da Primeira Guerra Mundial.
Ajudou a criar a Associação de Futebol Eretz Israel, a Associação Atlética Israelense e o Comitê Olímpico de Eretz Israel. Tudo isso entre 1928 e 1933. Mas, foi durante esse processo que Yekutieli mais contribuiu pela paz por meio do esporte.
Durante o Congresso Mundial de Maccabi, em 1929, na Tchecoslováquia, Yosef propôs a criação da primeira Maccabiada – uma competição, baseada nos Jogos Olímpicos, que envolvesse judeus de todo mundo, onde não haveria perseguições, mas, sim, a celebração da paz e do esporte por diferentes nacionalidades.
Já na primeira edição, realizada, exatamente três anos após a proposta de Yekutieli, houve a participação de 400 atletas de 22 países em Tel Aviv no Estádio Maccabiah, que, a propósito, foi construído especialmente para esta primeira edição da competição.
A partir daí, Yosef Yekutieli viu sua semente brotar e alcançar, neste ano, a 21ª edição movimentando judeus de todo o mundo para celebrar e competir longe dos horrores da guerra que marcaram tão fortemente a trajetória do criador das Maccabiadas.”
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