É tempo de luzes, é chegado o Chanucá. A luminosidade desta data, por milhares de anos, vem guiando nosso povo na fé e na resiliência. Agora, em momentos de incerteza e apreensão, é às luzes da Chanuquiá, e seus significados, que devemos nos ater.
A festa de Chanucá nasceu como celebração da luta de um povo que, apesar da vida modesta e pacífica, foi atacado e vilipendiado pela tirania movida pela intolerância e o ódio.
Os judeus já viviam na terra de Israel, onde livremente viviam, produziam, manifestavam sua fé e exerciam seus costumes e rituais no Templo Sagrado de Jerusalém. À época, sob os domínios do reino Selêucida, o povo judeu pagava impostos para que pudessem viver sem incômodos.
Não há, no entanto, preço que garanta a liberdade quando se vive sob um governo autoritário, como mostra a história das nações. Transformar adversários em inimigos, se mostra uma estratégia que não é saciada no primeiro alvo.
E assim foi no reino Selêucida, o rei passou a utilizar a comunidade judaica como bode expiatório por questões políticas e escolha pessoal do rei, de modo a alegar que ofereciam resistência ao seu domínio. Então, com seu poderoso exército, Selêucida invadiu a Judeia e profanou o Templo Sagrado proibindo a leitura da Torá.
Ninguém acreditava que a comunidade judaica, modesta em número e poderio militar, poderia fazer frente ao exército tirano que comemorava a esperada submissão do povo judeu. No entanto, judeus camponeses, liderados por Yehudá e seus quatro irmãos, venceram os soldados e libertaram a terra de Israel da tirania devolvendo a paz e a liberdade para todos.
É neste ponto que entra a Chanuquiá: como parte da purificação do Templo, que havia sido profanado com sacrifícios impuros, o candelabro teve seus oito braços acesos com as luzes de Chanucá que brilharam por oito dias.
Rica como é, a história do nosso povo traz muitos aprendizados. Valorizar a fé e a perseverança são parte deles, assim como a liberdade e o respeito. Sempre, por toda a nossa história, estivemos em lados opostos de autoritários e tiranos, cuja aliança, quando celebrada, historicamente nos rendeu traição e perseguição, vide o caso da Itália fascista.
Nosso lugar sempre foi longe da agressão e da violência, mas próximos da paz e do entendimento entre os diferentes. Esta é nossa essência e é o resultado dos ensinamentos milenares cultuados na nossa comunidade.
Celebremos, então, tocados pelas luzes da Chanuquiá, a primazia da fé e o triunfo da liberdade reproduzindo, em nossas vidas, os ensinamentos de Chanucá.