“Não esqueçamos da importância do esporte
Floriano Pesaro, sociólogo.
Há, pelo menos, duas décadas trabalho especificamente com o tema do desenvolvimento social e humano em suas mais variadas facetas: desde o resgate da autonomia, da manutenção de vínculos, passando pela educação em suas diferentes formas até chegando ao empreendedorismo como geração de renda. Mas, um aspecto que, muitas vezes, é negligenciado nesse processo é a prática esportiva como gerador de virtuosidades.
Não se trata apenas do aspecto da vulnerabilidade social, onde o esporte indubitavelmente tem um papel determinante na superação do ciclo da pobreza, mas, também, a prática esportiva é fundamental para qualquer cidadão pertencente a todo o agrupamento socioeconômico possível.
Isso porque é através do esporte que o cidadão aprende a lidar com a vitória, mas também com a perda – inevitáveis momentos da vida. É na prática esportiva que se desenvolve o espírito de equipe que perpassa todas as outras questões marginais que possam diferenciar uns dos outros – habilidade tão fundamental nesses tempos atuais.
O esporte, seja ele qual for, é uma atividade tão potente que os impactos virtuosos dele advindos vão desde o campo pessoal, passando pelo senso de comunidade, pelo combate à evasão escolar e à violência e seguindo até mesmo às relações internacionais.
Afinal, os próprios Jogos Olímpicos, como os conhecemos hoje, tiveram sua primeira edição em 1896 em Atenas (Grécia) por idealização do historiador francês, Pierre de Coubertin, que via na competição esportiva entre as diferentes nações um propulsor da paz tão potente quanto a diplomacia.
É curioso, inclusive, ressaltar que o esporte é tão indissociável da paz entre os povos e os diferentes que os Jogos Olímpicos, na Modernidade, só não ocorreram em três anos específicos: em 1916, em decorrência da Primeira Guerra Mundial, e em 1940 e 1944, em decorrência da Segunda Guerra Mundial. Não há esporte sem paz, mas há paz por meio do esporte.
Ainda nesse sentido, há mais uma sinergia entre a paz entre as nações e a noção do esporte. Sabe-se que para haver paz entre os diferentes, é necessário que estes se reconheçam legitimamente. E foi com esse anseio que nasceu a ideia de promover jogos olímpicos entre atletas judeus a cada quatro anos: nasciam nossas conhecidas Macabias da mente e do coração de um jovem judeu de 15 anos, Yosef Yekutieli.
A este propósito, a próxima edição será entre os dias 12 a 26 de julho de 2022 e o escritório da Macabi Brasil – filiada à União Mundial Macabi – fica aqui mesmo na Hebraica, para quem quiser buscar mais informações deste que é o maior evento esportivo judaico do mundo e que acontece a cada quatro anos em Israel a partir daquele sonho do jovem Yekutieli.
Aliás, o anseio que promoveu a criação das Macabiadas – o reconhecimento do povo de Eretz Israel nas competições esportivas internacionais, como os próprios Jogos Olímpicos – se tornou realidade: hoje as Macabiadas fazem parte de um seleto grupo de apenas sete competições mundialmente reconhecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
Portanto, quando falamos em esporte, estamos falando em superação pessoal, convívio comunitário e paz entre as nações. Tudo começa com o espírito esportivo, como este que temos a honra e a alegria de ver diariamente aqui na nossa Hebraica.”