“Purim, Ledor Vador e a Hebraica
Floriano Pesaro, sociólogo.
Com a vacinação alcançando a quase todos nós, estamos nos sentindo mais seguros neste ano para comemorar o Purim, por mais um ano, na nossa Hebraica.
Mais do que a fundamental preservação dos costumes e festividades do nosso povo, o momento revela duas importantes sinalizações do clube: a celebração da vida e da vitória sobre aqueles que tentam nos subjulgar e a preservar e transmitir nossas tradições de geração em geração.
Este último nos é ensinado pelos nossos rabinos como o princípio do Ledor Vador, que seja, em resumo, a transmissão da nossa cultura e conhecimentos de geração em geração. Trata-se de uma mitzvá, um ato de boa ação, uma orientação dos escritos sagrados, sobre a qual a Hebraica tem fundamental papel, especialmente, para nossa comunidade judaica paulista.
Dessa forma, anualmente – mesmo durante a pandemia da Covid-19, quando ocorreu online – o clube abre suas portas para uma programação cheia de história, cultura e, claro, comemoração durante a festa de Purim. As atividades são pensadas para todas as idades e integram gerações.
Afinal, a vitória do povo judeu sob a rainha Esther se deu com o suor e sacrifício de todos e, portanto, assim deve ser também a comemoração.
Purim é celebrada anualmente em 14 de Adar e, de forma resumida, marca a vitória do povo judeu no antigo reino da Pérsia, quando se tentou eliminar todos os judeus em um único dia por ordem de um primeiro ministro antissemita.
Antes mesmo da sensibilidade da rainha Esther em persuadir o rei Achashverosh da ordem antissemita e genocida, Mordechai, primo da rainha e líder dos judeus, organizara a resistência e preparava-se para a luta por seu povo e rezar por suas vidas.
No entanto, Esther pediu, então, ao rei que recebesse a ela e Mordechai num jantar, onde, corajosamente, a rainha revelou sua origem judaica. O resultado, então, foi o enforcamento do primeiro ministro antissemita, Haman, e a nomeação de Mordechai em seu lugar com a ordem de que os judeus poderiam reunir-se e defender-se daqueles que os ameaçassem.
Então, em 14 de Adar, um dia após a data em que o primeiro ministro tentara aniquilar o povo judeu, houve celebração e descanso para homens, mulheres e crianças judias que queriam viver em paz.
Como toda a passagem da história judaica, o Purim é cheio de significados e mensagens as quais, com as orientações rabínicas, devemos estar atentos. Além disso, o Purim traz mitsvot específicas como a leitura da Meguilá, presentear as pessoas em situação de vulnerabilidade, enviar alimentos como presente e participar de uma refeição festiva – como faz a Hebraica.
Unidos na luta e na celebração, idosos, adultos, jovens e crianças, seremos uma comunidade cada vez mais forte e próspera.”