Neste início de 2020, o mundo já está enfrentando um grande desafio: uma epidemia de proporções globais que já atinge todos os continentes e causa, principalmente, pânico em pessoas, mercados e governos. O novo coronavirus, ou 2019-nCoV, chegou, inevitavelmente também ao Brasil. Não há como impedir o espalhamento de um vírus de gripe e tão pouco há razões para pânico, uma vez que a taxa de mortalidade é a considerada baixa pela comunidade médica. Contudo, é inegável que o pânico causado pela ascensão de um novo vírus afeta desde a vida cotidiana, passando pela geração de empregos, e chegando até a taxa de crescimento econômico dos países, de modo que – quanto antes houver uma vacina, melhor – e, nesse campo, Israel novamente sai a frente ao anunciar que deve desenvolver uma vacina contra o novo COVID-19 num prazo médio de 3 meses.
Nos chama, então, a atenção que Israel – com suas pequenas dimensões territoriais e populacionais – está novamente na fronteira do desenvolvimento científico. Mas, por que este pequeno país figura sempre no pódio do pioneirismo da ciência?
Os aspectos culturais e históricos, certamente, contribuem para a formação de uma sociedade e de seus governos. Aos israelenses isso é latente, haja vista que não lhes foi dada a pátria sem esforço, luta e consciência. Essa noção de importância de uma pátria forte e pioneira passa desde a dedicação e participação nas Forças Armadas, pelo reconhecimento da importância de uma Educação de qualidade, até o investimento em Ciência e Tecnologia.
Israel investe 4% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, para efeitos de comparação, o Brasil investe 2,3%. É o segundo país do mundo nesse tipo de investimento proporcional ao seu PIB, atrás apenas da Coreia do Sul, de acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial.
E não é de hoje que esse tipo de investimento tem trazido resultados rápidos e concretos para Israel: o país possui o maior número de autores publicados nos campos das ciências naturais, engenharia, agricultura e medicina e, até hoje, dez cidadãos israelenses possuem o Prêmio Nobel em diferentes áreas. Além disso, os israelenses são líderes em patentes registradas per capita.
O investimento em Ciência e Tecnologia é tão salutar que deixa frutos não só para seu país de origem, mas para todo o mundo, como Israel fez com invenções como o T-Scan para a detecção do câncer de mama; a amniocentese, exame hoje feito em mulheres grávidas de todo o mundo para diagnosticar doenças graves nos fetos; a produção de células humanas a partir do sangue, hoje fundamental para pacientes em quimioterapia; descoberta das funções do componente subcelular que produz as proteínas, que auxiliou o desenvolvimento de remédios para inúmeros tipos de tratamento, como do HIV; as drogas balizares nos tratamentos contra a Leucemia, Esclerose Múltipla, Parkinson, Diabetes, Perda de Visão e Câncer de Mama; dentre outros impactaram e mudaram o panorama da Saúde em todo o mundo.
A priorização que o povo judeu confere à ciência e tecnologia é tamanha que – considerada também a inequívoca competência – o único secretário municipal de São Paulo, até o ano passado, judeu era o Vereador Daniel Annenberg, da pasta da Inovação e Tecnologia.
Se o coronavirus terá, ou não, sua vacina desenvolvida pelos israelenses, o tempo dirá, em todo o caso, há tempos podemos nos inspirar aqui no Brasil com a importância que os israelenses dão, enquanto sociedade, à Educação, à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e como isso tem efeitos benéficos não só ao país, mas a toda a humanidade.
Floriano Pesaro
Sociólogo