Caros Colegas, pedi gentilmente essa cessão de tempo ao nobre Vereador Nelo Rodolfo, a quem agradeço, para rapidamente, nesses sete minutos e meio, pois sei que os demais Pares também o farão, relatar um pouco a missão que esta Casa realizou na semana passada, durante os feriados, a Israel.
Foi organizado pelo American Jewish Congress um seminário internacional, dentro de um projeto chamado Project Interchange, para troca de informações entre dirigentes e políticos dos dois países em relação especialmente ao tema cidades.
Essa viagem foi subsidiada, paga pelo American Jewish Congress, organização não governamental americana que leva parlamentares não judeus a Israel para conhecer não só o Estado de Israel propriamente dito, mas também os seus desafios, especialmente em relação à paz.
Nessa visita oficial que esta Casa fez a Israel, tivemos a oportunidade ímpar de conhecer e ter uma interlocução com um dos negociadores da Palestina sobre a criação do Estado Palestino em Ramallah, onde estivemos.
Participaram dessa comissão, em nome da Câmara Municipal de São Paulo, os nobres Vereadores: José Américo, Presidente desta Casa; Marco Aurélio Cunha, Vice-Presidente; Paulo Fiorilo, hoje Presidente do PT; Ari Friedenbach; Natalini; José Police Neto, que foi Presidente desta Casa e tem uma forte atuação na área de mobilidade na cidade de São Paulo; Coronel Telhada, orgulho da nossa Bancada no que diz respeito à segurança pública, que pôde verificar como funciona a segurança de um território que vive em conflitos internos e externos; Ricardo Young, que tem uma dedicação importantíssima na área do desenvolvimento sustentável, especialmente no que diz respeito à água e aos resíduos.
Foi uma viagem extremamente proveitosa do ponto de vista das informações que recebemos.
Peço permissão aos Colegas para que possamos relatar, nesses cinco minutos que nos restam, um pouco dessa experiência. Diria que tivemos também, obviamente, uma experiência religiosa, pois é impossível ir à Terra Santa e não conviver com a presença forte do Cristianismo, da religião Islâmica e do Judaísmo, convivendo lado a lado na Cidade Velha de Jerusalém, na cidade de Davi, lado a lado.
Incluiria também os gregos ortodoxos e os armênios, que fazem parte da convivência do dia a dia pacífico entre as pessoas e os povos na região de Jerusalém, uma prova de que é possível, sim, buscar a paz.
A visita à cidade antiga de Jerusalém nada tem a ver com turismo; tem a ver com o entendimento de como se dá a relação entre os povos numa área de conflito, como se dá a relação entre a religião islâmica, entre muçulmanos, mulçumanos sunitas, muçulmanos xiitas, cristãos, árabes cristãos, evangélicos, católicos, judeus, gregos ortodoxos, enfim, entre todos que habitam aquele território.
Em seguida, Sr. Presidente, tivemos oportunidade de, junto com o Prof. Reuven Hazan, presidente do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Hebraica de Yerushaláyim – Jerusalém -, ver o funcionamento político israelense.
Israel adota um sistema democrático com eleições periódicas, mas acima de tudo um sistema parlamentarista, em que o parlamento elege o governo, o executivo. Ainda que seja distante da nossa realidade presidencialista, muitas vezes até imperial, da força que têm os poderes executivos no nosso sistema eleitoral, foi possível ver a dificuldade de compor o governo, a necessidade de negociação permanente com a oposição para a montagem de um governo em que há direita no sentido clássico, esquerda, religiosos ortodoxos, árabes, israelenses, enfim, um caldo político extremamente diverso e desafiador. O Prof. Reuven conseguiu nos mostrar como se dá o processo de negociação republicana em Israel, do ponto de vista do acolhimento de todas as tendências, de todos os debates, das mais diversas fontes políticas.
Também houve um debate com o Prof. Mario Sznajder, da cátedra Leon Blum, do Departamento de Ciência Política da Universidade Hebraica, cujo tema foi “A Sociedade Israelense e o Impacto do Holocausto sobre a construção do Estado de Israel”.
Também estivemos com o ex-Cônsul de Israel no Brasil – homenageado nesta Casa com a Medalha Anchieta – Ilan Sztulman, hoje o mais forte candidato a Embaixador daquele país no Brasil, para falar das relações bilaterais de comércio entre Israel e Brasil, especialmente no que diz respeito a sistemas de produção de água e de irrigação.
O Brasil há anos tenta transpor as águas do Rio São Francisco, numa obra polêmica e de altíssimo custo para todos os brasileiros, enquanto Israel adotou o modelo que leva água da Galileia até o Mar Vermelho, uma experiência muito rica do ponto de vista do abastecimento e do reuso da água, algo que Israel faz. O Vereador Ricardo Young até se surpreendeu, porque 75% da água no Estado de Israel é reusada em irrigação, plantações, limpeza e lavagem. São Paulo hoje reusa aproximadamente 5%. Essa visita à companhia de águas do Estado de Israel foi importante.
Estivemos com o Prefeito de Jerusalém, no mais alto ponto da nossa viagem, para conhecer os desafios de uma cidade extremamente moderna que convive com o passado da Humanidade; de uma cidade com quase três mil anos que convive com a modernidade do trem de superfície, das ciclovias, da distribuição de água, dos parques, de uma qualidade de vida extraordinária.
Estivemos também com Xavier Abu Eid, Assessor de Comunicação do Departamento de Negociações da Organização pela Libertação da Palestina – OLP, quando não só tivemos contato com a Autoridade Palestina, mas pudemos entender os motivos e as dificuldades de avançar nas negociações entre a OLP, no caso o Fatah, do Presidente Mahmoud Abbas, assim como os avanços conseguidos até o presente momento.
Sr. Presidente, voltarei ao tema, posteriormente. Infelizmente, meu tempo foi curto para dizer da importância que foi a presença desta Casa no Estado de Israel.
Muito obrigado, Sr. Presidente.