Emprego, saúde, educação, renda, moradia, saneamento, mobilidade, lazer, cultura, inclusão, segurança, sustentabilidade. Em todas as frentes os problemas que o Brasil enfrenta são muitos e graves. As explicações para cada um deles podem ser mais que suficientes para um compêndio. Mas para refletir sobre a responsabilidade de cada um, podemos resumir a questão em uma frase: estamos colhendo o resultado de escolhas equivocadas.
Somos o futuro do ontem. Mas parece que só nos damos conta disso quando a situação se torna irreconciliável. Nossa história se esvai nas cinzas do Museu Nacional e só então nos lembramos que os alertas sobre a má conservação dos museus e arquivos públicos remontam aos anos 1970. O clima no planeta se torna insuportável a ponto de milhares saírem às ruas em todo o Ocidente para exigir medidas urgentes de controle do aquecimento global – o assunto passou despercebido no noticiário devido à violência na campanha política—para só então nos darmos conta de que os primeiros alertas da ONU sobre os perigos do aquecimento global datam da década de 1960.
Sim, somos o futuro do ontem. Não apenas nas situações limite. O serviço mal prestado que prejudica sua vida hoje é fruto da educação descuidada de ontem. A piora dos indicadores de pobreza e o aumento da mortalidade infantil atuais resultam das prioridades equivocadas de ontem. O aumento da violência, hoje, decorre da falta de educação, cultura e oportunidades de ontem.
Em 2015 a ONU adotou a agenda 2030, com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, conhecidos como ODS, a serem atingidos até aquele ano. O conjunto dos ODS pretende melhorar significativamente a vida de todas as pessoas e transformar o mundo em um lugar melhor. E, principalmente, garantir que ninguém será deixado para trás na conquista desse futuro melhor. Um futuro que está logo ali, há menos de 12 anos. Um futuro no qual nós mesmos vamos viver. O que vamos encontrar em 2030 depende das decisões que tomarmos agora, das ações que adotarmos hoje, das escolhas que fizermos no presente.
Individualmente, cada um tem sua contribuição a dar em estilo de vida, em atitudes conscientes de preservação, convivência e inclusão. Não basta. Coletivamente, temos de fazer as escolhas certas para que os gestores, as lideranças, os representantes da sociedade sejam as pessoas capazes e realmente comprometidas com esse mundo melhor no qual ninguém ficará para trás.
Somos o ontem de amanhã. Precisamos nos dar conta disso agora.