A manobra de petistas para tentar soltar Luiz Inácio Lula da Silva no domingo demonstra que o PT busca politizar a justiça, colocando o ex-presidente como vítima. “É uma vergonha. O PT mais uma vez politiza a justiça de forma grave e dá um péssimo exemplo”, disse nesta segunda-feira (9) o deputado Floriano Pesaro (SP) ao analisar o caso.
O vai e vem começou no início da manhã de domingo, quando o desembargador de plantão no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Rogério Favreto, acatou recurso apresentado discretamente por parlamentares do PT reivindicando a soltura de Lula. Ocorre que o magistrado tem clara ligação com o PT. Foi escolhido em 2011 para o TRF-4 pela então presidente Dilma Rousseff. Foi filiado ao PT de 1991 a 2010 e ocupou cargos nas gestões de Lula, entre eles a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, subordinado a José Dirceu, e, depois, a Dilma.
“O desembargador é um petista histórico”, criticou o deputado paulista. Segundo ele, ao conceder habeas corpus pela soltura de Lula, Rogério Favreto assumiu o risco de fazer um “papelão, algo muito feio e muito grave do ponto de vista institucional”.
Na opinião de Pesaro, o desembargador não tem preparo para ocupar o cargo. “Tudo estava combinado”, afirmou ele, lembrando que os deputados que pediram a soltura de Lula sabiam que ele iria assumir temporariamente como plantonista e agiram de má fé. “Agiram contra a Justiça e contra o Brasil. É gravíssimo!”, afirmou.
Lula está preso desde 7 de abril. Ou seja, há mais de 90 dias. O petista foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP). Desde a prisão, a defesa do ex-presidente já apresentou 16 recursos ao tribunal federal e em Cortes superiores.
No domingo, depois de várias decisões conflitantes sobre o recurso dos deputados petistas, coube ao presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, colocar um ponto final na situação. Ele determinou o retorno do processo ao gabinete do desembargador João Pedro Gebran Neto, que é o relator da Lava Jato na Corte. Thompson Flores afirmou que o pedido de liberdade feito pelos parlamentares não trouxe nenhum fato novo.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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