Na segunda-feira, 1 de outubro, celebramos o Dia Internacional do Idoso. Embora celebrar não seja a palavra correta. Seria melhor que este fosse um dia de reflexão e debate, pois estamos todos envelhecendo, inclusive coletivamente, como população. Segundo o Instituto Locomotiva, 36% da população brasileira tem mais de 50 anos. São 54 milhões de brasileiros hoje, serão 98 milhões em 2050.
A compreensão do envelhecimento é complexa e precisa se dar em todos os âmbitos: familiar, social, laboral, comercial e de saúde pública. Além disso, sendo universal, o envelhecimento exige o atendimento de necessidades tão díspares quantas são as condições socioeconômicas do conjunto da população.
O fato é que nenhum de nós, enquanto não nos tornarmos idosos, sabe o que é ser um idoso. Tudo o que podemos fazer é analisar dados, compilar estatísticas, projetar necessidades e suas respectivas soluções. Por exemplo, temos a tendência de achar que a maior preocupação das pessoas idosas é ficar doente ou morrer, quando, na verdade, é de cair na calçada (43% dos idosos segundo a Fundação Oswaldo Cruz de Minas). Considerando que 85% da população idosa vive em áreas urbanas, a conservação das vias públicas é prioridade no cuidado aos idosos. Assim como a adequação do transporte público, do mobiliário urbano, dos equipamentos de uso público (sejam públicos ou privados), da arquitetura.
Na medida em que a idade média da população aumenta, também cresce o número de pessoas com mais de 50 anos atuando no mercado formal de trabalho e de novos empreendedores. O que é muito positivo, já que, sabe-se hoje, o envelhecimento ativo prolonga a vida com saúde e qualidade. Quanto mais tempo uma pessoa for independente, menos demandará serviços e atendimentos caros e especializados. Além de contribuir em muito para a equação do enorme problema previdenciário.
Então, seria muito bom para toda a sociedade começarmos a nos livrar de mitos e ideias preconcebidas tão distantes da realidade quanto a juventude da velhice. Como a crença de que à medida que as pessoas envelhecem perdem sua capacidade criativa. Se mais da metade dos registros de novas patentes nos Estados Unidos são feitos por pesquisadores entre 47 e 60 anos de idade e se a idade média dos ganhadores do Nobel de Química, Física e Medicina nos últimos anos é de mais de 50 anos de idade, não seria o caso de nos perguntarmos se ,em vez de perder sua capacidade criativa, os idosos estão se tornando mais e mais inventivos, à medida em que sua idade avança?
Para o Sebrae não há dúvidas: entre as características mais marcantes das pessoas com mais de 50 anos que procuram a entidade, estão a disposição maior para correr riscos, a manutenção de suas ambições e a procura por atividades que lhes proporcionem alegria e prazer, além de renda.
Sabemos que as condições de envelhecimento da população brasileira são muito desiguais e dependem, principalmente, das condições de vida de cada indivíduo antes da idade de 50 anos. Mas algumas são, aparentemente, generalizadas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, enquanto a população com mais de 60 anos cresceu 19,5% entre 2012 e 2017, o número de idosos abrigados em instituições (públicas e particulares) cresceu 118,34% no mesmo período. Ou seja, o desamparo familiar cresce mais rápido que a expectativa de vida da população.
Precisamos enfrentar a questão do idoso com um novo olhar. Criando condições de estender o período produtivo e de atividade da população na mesma escala em que cresce a perspectiva de longevidade. Adequando o mundo a uma nova realidade na qual, dentro de pouco tempo, seremos uma população sênior cuidando do mundo para nós mesmos .