Floriano Pesaro
“A eleição presidencial nos Estados Unidos sempre teve um impacto significativo na política internacional, especialmente no Oriente Médio e, de forma mais aguda, em Israel. A próxima eleição, na qual Kamala Harris foi escolhida pelo Partido Democrata para disputar contra o republicano Donald Trump, apresenta uma nova dinâmica em comparação com a administração atual.
Kamala Harris, com seu histórico de defesa da democracia e dos direitos humanos, traz uma abordagem que muitos acreditam ser mais conciliadora e propícia à negociação. Se eleita, sua administração sinalizaria uma disposição para dialogar com múltiplos atores no cenário internacional, buscando soluções diplomáticas e equilibradas. Isso pode ser particularmente relevante para a questão israelo-palestina, onde a criação de dois estados é uma solução defendida por muitos, inclusive por mim, um judeu sionista que apoia incondicionalmente o estado de Israel e defende a paz, a liberdade e a democracia.
Harris acredita que uma paz duradoura só pode ser alcançada através do respeito mútuo e da negociação, em vez da imposição unilateral de políticas. Uma administração Harris poderia impulsionar iniciativas que promovam a coexistência pacífica, incentivando ambos os lados a se engajarem em diálogos construtivos. Esse espírito conciliador pode ser mais interessante para a estabilidade mundial e, em particular, para o Oriente Médio.
Kamala Harris já expressou seu apoio à solução de dois estados como um meio viável para alcançar uma paz duradoura entre israelenses e palestinos. Acredita-se que essa abordagem equilibrada pode atender às aspirações legítimas de ambos os povos, promovendo a segurança e a prosperidade na região. Harris defende que Israel tem o direito de existir em segurança, mas também reconhece a necessidade de um estado palestino viável e soberano, onde os palestinos possam viver com dignidade e direitos plenos.
Essa perspectiva é um desvio significativo da administração Trump, que foi percebida como unilateralmente pró-Israel e menos preocupada com as aspirações palestinas. A abordagem de Harris poderia significar uma renovação dos esforços diplomáticos para mediar um acordo de paz que seja justo e sustentável para ambos os lados.
Por outro lado, a administração Trump foi marcada por um apoio robusto e incondicional a Israel, o que agrada significativamente ao eleitorado judeu conservador nos Estados Unidos. Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e mudou a embaixada americana para lá, ações que foram vistas como um forte endosso ao estado judeu. Além disso, seu governo mediou os Acordos de Abraão, que normalizaram as relações entre Israel e vários países árabes, um feito notável na diplomacia do Oriente Médio.
No entanto, a abordagem de Trump é muitas vezes criticada por ser unilateral e não considerar adequadamente os direitos e as aspirações palestinas. Para muitos, essa estratégia alimentou tensões e agravou a hostilidade na região.
A eleição de Kamala Harris, portanto, representa um potencial ponto de virada. Seu compromisso com a democracia e os direitos humanos pode trazer um equilíbrio mais sustentável e negociável para a política americana no Oriente Médio. Acredita-se que um espírito mais conciliador possa diminuir as tensões e promover a paz através da diplomacia e do respeito mútuo.
Para Israel, um parceiro como Harris pode significar apoio contínuo, mas de uma maneira que também busca reconhecer e atender às legítimas aspirações palestinas. Esse equilíbrio pode ser crucial para uma paz duradoura e para a segurança na região. A visão de dois estados, que muitos de nós sionistas defendemos, poderia se tornar uma realidade viável sob uma administração que promove a negociação e a reconciliação.
No entanto, não podemos desconsiderar o peso do eleitorado americano, especialmente os conservadores e a comunidade judaica nos Estados Unidos, que tendem a ver em Trump um aliado mais forte para Israel. Uma eventual administração Harris terá o desafio de equilibrar esses interesses internos com a necessidade de promover uma paz justa e duradoura no Oriente Médio.
O papel do eleitorado é crucial, pois molda as políticas e pressões sobre qualquer administração americana. A capacidade de Harris de engajar e ganhar a confiança desse eleitorado será fundamental para o sucesso de sua abordagem no Oriente Médio. A construção de uma política externa que equilibre firmeza com negociação pode ser a chave para assegurar tanto o apoio interno quanto a paz externa.
Como sionista e defensor incondicional do estado de Israel, acredito que a promoção da paz através da criação de dois estados é fundamental. Eu defendo a paz, a liberdade e a democracia, e acredito que esses valores são essenciais para alcançar um futuro melhor para todos na região.”