Floriano Pesaro
“À medida que nos aproximamos das Grandes Festas Judaicas, Rosh Hashaná e Yom Kippur, somos chamados a um tempo de reflexão, renovação espiritual e busca pelo perdão. Essas festividades transcendem o simples ato de celebrar; elas nos convidam a olhar para dentro, para nossas comunidades e para o mundo ao nosso redor, com o intuito de nos reconectar com nossos valores, nossa fé e nossa identidade. Em tempos de adversidade, esses momentos de introspecção tornam-se ainda mais essenciais, lembrando-nos de nossa resiliência e esperança.
Rosh Hashaná é um período de renovação e introspecção. Ao som do shofar, somos chamados a despertar e refletir sobre nossas ações, nossa relação com os outros e nosso propósito como indivíduos e como povo. A festa nos lembra que, assim como o ano muda, nós também temos a capacidade de nos transformar e melhorar.
Seguido por Yom Kippur, o Dia do Perdão, o período de introspecção atinge seu auge. É um dia de jejum, oração e arrependimento, um momento para buscar perdão por nossas falhas e comprometer-se a seguir um caminho mais justo e compassivo. Yom Kippur nos ensina que, independentemente dos desafios que enfrentamos, existe sempre a possibilidade de recomeçar.
No entanto, este ano, nossas reflexões se desenrolam em um contexto particularmente difícil. Estamos testemunhando uma guerra terrível em Gaza contra o Hamas e o Hezbollah, grupos terroristas que ameaçam a segurança de Israel e de judeus ao redor do mundo. Como sionistas, acreditamos na defesa incondicional de Eretz Israel, nossa terra ancestral. Não é apenas um direito, mas um dever proteger nossa nação e nosso povo contra aqueles que buscam nossa destruição. Como Golda Meir sabiamente disse: “Não pretendemos cometer suicídio para que o mundo nos aplauda.” Essa frase reforça a importância de Israel se defender, independentemente da opinião internacional, para garantir a segurança de judeus em todo o mundo.
Paralelamente, vemos o aumento do antissemitismo em várias partes do mundo. Ataques a judeus, sinagogas vandalizadas e retóricas odiosas se tornaram preocupantemente comuns. Esse fenômeno nos lembra que nossa luta não é apenas territorial, mas também uma batalha por dignidade, respeito e reconhecimento de nossos direitos enquanto povo.
Theodor Herzl, o pai do sionismo moderno, acreditava firmemente no sonho de um lar seguro para o povo judeu em sua terra ancestral. Suas palavras, “Se vocês quiserem, não será um sonho”, ecoam como um lembrete constante de que a construção de Eretz Israel foi e continua sendo um esforço coletivo de coragem, fé e determinação. Hoje, mais do que nunca, essa frase ressoa profundamente, enquanto enfrentamos desafios na defesa de nosso direito de existir em segurança e paz.
Inspirando-nos na obra de Amos Oz, um dos maiores escritores de Israel e um defensor incansável da paz e da coexistência, encontramos na literatura um chamado à empatia e à compreensão mútua. Oz nos ensinou que, mesmo diante dos maiores desafios, devemos buscar o diálogo e a reconciliação. Em um de seus escritos, ele destacou que a verdadeira vitória não está apenas em derrotar o inimigo, mas em construir um futuro onde ambos possam coexistir.
Ao adentrarmos o ano judaico de 5785, levamos conosco a esperança de dias melhores. Que este seja um ano de paz, em que possamos ver nossos filhos crescerem em segurança, nossas comunidades florescerem e nossos inimigos serem transformados em vizinhos. Que possamos continuar a defender Eretz Israel com coragem e determinação, e que o som do shofar ressoe não apenas como um chamado à reflexão, mas também como um eco de nossa esperança inquebrantável de que, apesar de tudo, dias melhores estão por vir.
Neste Rosh Hashaná e Yom Kippur, ao elevarmos nossas preces e pedidos, que renovemos nosso compromisso com nossos valores e com a defesa de nosso povo e nossa terra. Que sejamos inscritos no Livro da Vida e que o ano que se inicia traga a paz que tanto desejamos.”