Recentemente venho conversando com amigos pelo mundo que têm me relatado um aumento de ataques antissemitas após o conflito em Gaza. Sobre isso, escrevi o artigo abaixo para a TRIBUNA JUDAICA, que compartilho para leitura e comentários.
Depois dos foguetes, o antissemitismo
Floriano Pesaro, sociólogo.
“Neste mês foi divulgada uma pesquisa bastante preocupante para a qual devemos nos atentar sobre o recrudescimento de atitudes antissemitas após conflitos envolvendo Israel. Realizada pela Anti-Defamation League (ADL) nos Estados Unidos, a pesquisa mostrou que o que ocorre em Israel tem impactos na vida cotidiana dos judeus de todo o mundo.
O levantamento questionou os judeus americanos se, após o recente conflito entre Israel e Hamas, eles perceberam aumento na insegurança relacionada a ataques e o resultado é que o antissemitismo – sempre à espreita – não perde uma oportunidade para tomar força.60% dos judeus americanos declararam que, após os ataques de foguetes contra o território de Israel e a resposta de defesa israelense, presenciaram atitudes antissemitas nos Estados Unidos.
Ainda, 40% dos entrevistados se declararam mais preocupados com sua segurança pessoal e 18% lamentaram que relacionamentos pessoais foram afetados por narrativas distorcidas sobre o conflito.
Sabemos há muito que uma série de narrativas são impostas sobre a complexa relação entre os países da região, mas boa parte delas tentam impor a Israel uma vestimenta misantropa que não lhe cabe e que nos direciona um refugo de antissemitismo pelo mundo.
Recentemente, pelas redes sociais, promovi uma boa conversa com uma das pessoas que, certamente em todo o mundo, mais tem feito para combater as falácias discursivas em torno de Israel, que é o professor André Lajst, diretor do StandWithUs Brasil.
Lajst e seu instituto trabalham diuturnamente contra essa maré que propositadamente se utiliza de subterfúgios narrativos baseado num momento tão lamentável para todos os lados – como é um conflito – para fazer com que atitudes antissemitas pareçam justificáveis aos incautos e, infelizmente, a ignorantes.
Os resultados da pesquisa americana nos levam a, ao menos, duas conclusões: primeiro que é preciso valorizar o trabalho das entidades da comunidade judaica que dedicam recursos humanos, financeiros e tempo para difundir a verdade sobre nossa comunidade e sobre Israel.
Já a segunda conclusão, e aqui devemos prestar bastante atenção, é de que não devemos menosprezar o antissemitismo ou dá-lo como fadado, ainda mais em países em que nossa comunidade é tão bem assimilada, como é o caso – Baruch Hashem – do Brasil.
Trata-se de erva daninha que em meio à ignorância e à profusão de falsas narrativas – cenário em que estamos vivendo com especial ênfase na agenda política – não se furta a crescer e tentar perseguir nossa comunidade em qualquer lugar do mundo.
Por isso, devemos lembrar que cabe a cada um de nós sermos guardiões da verdade e do tikun olam.
É nosso dever desnudar cada falsa narrativa que objetiva nos distanciar daquilo que defendemos: a paz e a convivência harmoniosa entre os diferentes.
Veja Israel, veja Tel Aviv, fazemos isso na prática.
Inspiremo-nos no exemplo dos nossos intelectuais, das nossas lideranças e das entidades representativas da nossa comunidade sempre atentas às tentativas de deturpação da História do nosso povo e de Israel.
Nós não nos dobramos aos foguetes, apesar dos danos, tão pouco iremos, agora, deixar que narrativas falaciosas assustem nosso povo mundo afora.”