O SR. FLORIANO PESARO (PSDB) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, amigos da TV Câmara São Paulo, população paulistana. Em primeiro lugar, quero fazer um convite importante. A Câmara Municipal de São Paulo, por meio de sua Frente Parlamentar em Defesa das Microempresas, das Empresas de Pequeno Porte, dos Microempreendedores Individuais e das Cooperativas, assume com a cidade de São Paulo o compromisso de debater a implementação do MEI – Microempreendedor Individual – e de outras políticas para o pequeno empreendedor na cidade de São Paulo.
Coube a mim, como Presidente dessa Frente Parlamentar, juntamente com os Vereadores Eliseu Gabriel e José Américo, aproveitar esta oportunidade para, por meio da TV Câmara São Paulo, convidar todos os interessados para participar do primeiro seminário que terá como tema o microempreendedor individual – MEI, a ser realizado no dia 21 de agosto próximo, no Salão Nobre desta Casa, no 8º andar. Contamos com a presença de todos para discutir o desenvolvimento do pequeno negócio da cidade de São Paulo.
Aproveito o tema exposto pelos Vereadores que me antecederam para falar um pouco sobre o trabalho desta Casa e sobre a crise que os Parlamentos brasileiros em geral vivem.
O que presenciamos nestes dias, nas ações dos políticos atuantes, em especial em do nosso cenário nacional, vai contra qualquer princípio e ética, preceitos imperativos para qualquer um que decida enveredar-se pela política. A política per se é uma das mais nobres profissões, porque implica responsabilidades ímpares. O exercício da política requer ações e decisões estratégicas, que impactarão na vida de milhões, de uma nação, no bem-estar de seu povo.
Infelizmente, a história – especificamente nossa história recente – abunda com modelos de políticos que esqueceram seus princípios e que, para manter o poder pelo poder ou para auferir benesses financeiras, esqueceram-se das premissas básicas de suas funções.
Max Weber, sociólogo do início do século XX, declara que política exige pessoas que desenvolvam a capacidade de ponderar, de manter equilíbrio entre paixão e perspectiva, entre o desejável e o possível. Mas também relata que o político pode abrir mão de algumas aspirações, se assim o momento exigir, mas que, chegando a certo limite, colocará seus princípios como a fronteira final: “Não posso fazer de outro modo; detenho-me aqui”.
O que temos presenciado no Brasil em geral vai além do maquiavelismo, doutrina que fundamenta uma conduta política baseada no princípio de que o fim desejado justifica o uso de quaisquer meios, por piores que sejam. O próprio fim já está deturpado: muitos dos nossos políticos mais tradicionais escolheram como causa final o ganho pessoal ou partidário, representado pela perpetuação do poder ou pelo favorecimento econômico.
Weber define o político por vocação e ressalta três qualidades imprescindíveis – as quais, particularmente, aprendi com o ex-governador Franco Montoro: a paixão, a responsabilidade e o senso de proporção. A paixão requer a dedicação irrestrita a uma causa: o bem-estar do povo. Entretanto, se a paixão como devoção a uma causa também implicar fazer da responsabilidade com tal causa a estrela guia de suas ações, somente ela, a paixão, não fará o bom político. Para tanto, um senso de proporção é fundamental. O senso de proporção é a qualidade psicológica decisiva do político porque requer, acima de tudo, a capacidade de distanciamento das coisas e dos homens. Significa a capacidade de deixar que as realidades atuem sobre ele com uma concentração e uma calma íntimas.
Sendo assim, o político que se preze deve ininterruptamente superar internamente um adversário trivial e por demais humano: a vaidade. Creio que nosso país anda exigindo isso de nós que escolhemos e sentimos a vocação da política, que deixemos de lado as vaidades, fisiologismos, clientelismos, ganância, corporativismo, busca do poder pelo poder. Cabe a nós políticos de uma nova geração, especialmente, restabelecer princípios e ética que, admito, não são prerrogativas apenas nossas, mas que parecem ter sido esquecidas por grande parte dessa geração de políticos. A verdade é que a nova gênese do meio político nacional, pessoas que amam esse país e esse povo, e que entende que fazer política é uma profissão que pode ser desempenhada com lisura, com conhecimento social, com altruísmo. Essa nova classe política é filha da indignação para os modelos mais arcaicos brasileiros. São pessoa que adentraram na política pensando em um bem maior e no interesse público.
Nós que cansamos da velhacaria devemos, então, fazer um pacto para defender nossas causas sociais com paixão, mas com responsabilidade, com discernimento, dedicação e com cuidado reverencial de quem é responsável pelo bem e pelo interesse público. Nós que nós dispomos a abraçar esse nobre caminho da política e difícil, porque não dizer, devemos fazer um pacto de sempre lembrar o que e quem nos fez chegar até aqui transformando nós em defensores da causa desse povo.
Muito obrigado.