“A coleta consegue reciclar a vida também”. Esta frase resume bem a vida de Mara Lúcia Sobral dos Santos, ex-moradora de rua e atual presidente da Cooperativa Granja Julieta Nossos Valores, entrevistada nesta quarta (11/08), pelo vereador Floriano Pesaro, no Programa Sala de Visitas da TV Câmara, para falar sobre coleta seletiva e reciclagem. O programa vai ao ar amanhã (12), às 18h, nos canais 7 e 13 da NET e 9 da TVA.
Moradora de rua durante 10 anos, Mara Lúcia conta que a reciclagem a salvou. Hoje, ela faz mais do que administrar os 32 cooperados; as ações da Cooperativa Granja Julieta, na zona sul, levam à inclusão social dos catadores, que chegam a ganhar, por mês, de R$ 800 a R$ 1,3 mil. Mensalmente, são coletadas na cooperativa 50 toneladas de resíduos sólidos.
Segundo ela, o catador de rua não tem os mesmos benefícios da inclusão social que o cooperado usufrui na Cooperativa. Por mês, o catador de rua tira com reciclagem R$ 300, e o desgaste físico é muito maior. “O catador de rua vai mais rápido; o cooperado vai mais longe”, compara. Na Cooperativa, além da renda mensal, os catadores cooperados têm alimentação, banho e encaminhamentos para outros serviços públicos, como saúde e assistência social.
Mara Lúcia aborda na entrevista também as dificuldades enfrentadas pelos cooperados, como falta de caminhões e maquinário e espaço adequado para separação dos resíduos, entre outros. Se a cooperativa fosse mais bem equipada, avalia ela, a capacidade de Cooperativa subiria para 60 pessoas.
Floriano e Mara foram unânimes em afirmar que a questão do lixo na cidade é preocupante. O Brasil produz cerca de 100 toneladas de lixo por dia, mas recicla menos de 5%. Na cidade de São Paulo, o percentual de reciclagem não chega a 1%. “A coleta seletiva precisa ser ampliada em São Paulo. O ideal é ter uma cooperativa de catadores em cada distrito da cidade. Hoje, são apenas 16 cooperativas em funcionamento”, afirmou o vereador Floriano Pesaro, que é presidente da Comissão Extraordinária do Meio Ambiente, da Câmara Municipal. “A coleta seletiva merece atenção contínua, pois trabalha com políticas de inclusão social e geração de renda, minimiza o desperdício e dá mais qualidade de vida ao cidadão”, finalizou Floriano.
Para Mara Lúcia, os cooperados são pessoas que “merecem respeito”. “A Prefeitura tem que abrir os olhos para a questão da coleta seletiva e reciclagem. Hoje, há muita falta de informação e consciência ambiental na sociedade”, ressaltou.
Veja as fotos da gravação do Sala de Visitas.