Estamos em uma época de celebrações tão angustiantes quanto jubilosas para o povo judeu. Há duas destas datas que chamam nossa atenção especial:
Iom HaShoá e Iom HaHatzmaut.
Iom Hashoá, o Dia da Memória do Holocausto, é a lembrança da quintessência, da barbárie humana, da intolerância, de tudo de mal que há no ser humano e na sociedade. E cabe a nós, filhos e netos dessa época de exceção, bradarmos nossas vozes para que nenhum povo tenha que passar por tamanha bestialidade.
Como contraponto, comemoramos nesta época o Iom Haatzmaut, o Aniversário da Independência de Israel, este pequeno grande país de 63 anos. Nestes anos, Israel conseguiu se tornar um país de ponta em várias áreas. Exporta tecnologia de vanguarda, é um dos pólos mais importantes em Tecnologia da Informação e aparelhos médicos. Os sucessos da agricultura israelense são resultado de uma longa luta contra condições adversas e de maximizar o uso de escassa quantidade de água e de terra arável.
Israel mantém a maior proporção de indústrias de tecnologia de ponta no mundo. Possui o maior número de cientistas e engenheiros per capita no mundo. Dizem que a inovação vem da adversidade, e Israel é exemplo cabal disso. O bravo povo deste país que passou por tantas agruras – exílios, ameaça de aniquilação, guerras de independência e de sobrevivência – construiu um modelo a ser seguido, um país moderno e vibrante.
Estas duas datas comemorativas têm efeito causal inegável. Os judeus precisaram passar por um abominável holocausto para que tivessem direito de retornar à sua pátria histórica e sagrada.
Mas, mais do que isto, devemos nos lembrar de comemorar uma das datas mais importantes, exatamente no dia anterior ao dia da Independência do Estado de Israel: Iom HaZicaron, o Dia da Memória ou Dia da Lembrança dos Caídos em Combate por Israel e das Vítimas do Terrorismo.
Pois não foi só difícil conseguir esta terra. Nossos jovens, de todas as gerações, tiveram repetidas vezes que colocar suas vidas em defesa do Estado de Israel. Foram tantas guerras e incidentes e nosso destemido exército sempre disposto a lutar pela sobrevivência de nosso país, para que nunca mais tivéssemos que ser um povo sem país.
São estes moços e moças quem devemos homenagear em Iom HaZicaron. Devemos prantear cada uma destas jovens vidas ceifadas, cada um destes futuros truncados. Devemos lamentar cada ferido caído em combate por nossas fronteiras. Sem falar nas pobres e indefesas almas que foram surpreendidas em seu cotidiano com o ato mais ignóbil da atividade humano: o terrorismo. O terrorismo que ataca indiscriminadamente bebês, grávidas, idosos, qualquer um e em locais que deveriam ser pacíficos.
Mas, neste ano, gostaria de pensar em um só soldado, um só nome que simboliza a singularidade de tratamento que o judeu recebe: Gilad Shalit. Há aproximadamente 1.700 dias (4 anos e dez meses), este menino vive cativo em terra estrangeira, soldado sequestrado que foi em território nacional e NINGUÉM, NINGUÉM mesmo, pode visitá-lo, trazer notícias, levar um abraço familiar.
Nem durante as Guerras Mundiais os soldados foram tratados assim. A Convenção de Genebra existe ou não? Por que nós novamente? Quais são as regras internacionais que não se aplicam aos nossos soldados?
Neste Iom HaShoá, choremos por nossos milhões de mortos no Holocausto.
Neste Iom Ha Hatzmaut, dancemos pelo milagre de nosso povo em nossa terra.
Neste Iom Hazicaron gritemos pela liberdade de nosso soldado, gritemos bem alto: Gilad Shalit.
Floriano Pesaro
Vereador