“A gentileza muda tudo
Floriano Pesaro, sociólogo.
Estamos vivendo tempos de tensão, isso é inegável e parece que podemos sentir nas mãos quando andamos nas ruas. Mal saímos de uma pandemia e estamos assistindo uma guerra que, embora longe geograficamente, num mundo globalizado, também nos é trazida para perto.
Tudo isso às vésperas de um processo eleitoral – que não parece ser dos tranquilos. No entanto, apesar do contexto desafiador, há um jeito eficaz de prevenir situações de embate e tensões entre nós no dia-a-dia: e ele chama-se “gentileza”.
Segundo o sociólogo, Andrew Miles, estudioso do comportamento social da Universidade de Toronto, “fazer coisas boas faz você se sentir melhor”, cientificamente falando. Miles conduz um estudo que correlaciona atitudes de gentileza à melhora de quadros de depressão e ansiedade – tanto em quem pratica, como em quem recebe.
Já a professora especialista em educação da Universidade Florida Atlantic, cujo livro “Social Justice Parenting” tem sido referência no desenvolvimento de uma sociedade mais empática, afirma que “um gesto de compaixão e gentileza libera substâncias químicas no cérebro que ajudam a se acalmar” e que, como efeito, “neutraliza os sintomas da depressão” ¹
A base da gentileza, é bom lembrarmos, está na empatia e na concepção de que, por mais diferente que formos, ou por mais distantes estejam, em determinado momento, nossas ideias sobre um assunto, não há inimigos entre nós.
Não havendo a figura do mal no próximo, há, portanto, que se ter como aspecto fundamental nas relações a empatia, o colocar-se no lugar do outro. Sabemos que a pandemia afetou a todos, mas, a cada um, de formas diferentes.
Nós também sabemos que as redes sociais podem ser especialmente tóxicas em períodos de crise econômica, como a que estamos passando, e em ano eleitoral, com os humores a flor da pele num ambiente polarizado. Por isso, um ato de gentileza ou de civilidade com o outro pode desarmar uma verdadeira bomba de conflitos. Quantas vezes você já não presenciou uma discussão, uma briga, cuja motivação parecia ser tão banal? Nada que uma conversa em bons termos não tivesse resolvido.
Afinal, José Datrino, o “profeta Gentileza”, já nos dizia nos idos dos anos 80 nas esquinas cariocas: “gentileza gera gentileza”. Por vezes, aquele respiro de dez segundos, quando recobramos a paciência e o bom senso, podem fazer a diferença na manutenção de um convívio, uma amizade, um amor, ou até uma vida.
Não foi, não está sendo e não deve ser fácil passar pelos próximos meses com os nervos em estado de calma, todos sabemos disso. O mundo passa por um momento atribulado em todas as áreas e o Brasil não está apartado disso, tão pouco imune está nossa tão unida comunidade e nosso tão querido clube.
Por isso, amigas e amigos, os tempos pedem calma e empatia pelo próximo. Não existe inimigos entre nós, existem ideias distintas com o mesmo ideal de paz e prosperidade pelo qual lutamos diariamente e por onde acreditamos ser possível construir uma sociedade mais justa, humana e fraterna para nossos filhos e netos.”