O exercício democrático – Hebraica 694

Novo ano, nova reflexão: esse é um ano fundamental na política com efeitos na nosso dia a dia ao elegermos nossos representantes locais. À vista, sempre nossos princípios e valores. Leia e compartilhe.

“Ainda renovados com a chegada de 5780, começamos o ano de 2020 do calendário gregoriano ainda sob um clima de intensa polarização devido a um pleito acirrado e envolto de pautas polêmicas que, de nenhuma maneira, cooperam para a construção de uma agenda eficaz para os gargalos do Brasil. Nosso país, que tem eleições a cada dois anos, não é uma ilha e foi duramente impactado pelos resultados de pleitos no exterior, como da eleição nos EUA que causou uma fissura na comunidade judaica norte-americana, em especial novaiorquina, fenômeno que encontrou retumbância por aqui.

Neste ano, temos mais uma oportunidade de exercer em plenitude nossos direitos democráticos ao escolher quem vai nos representar – não na União ou no estado – mas, onde, de fato, moramos: no município. E, considerando o impacto que um gestor ou legislador local pode ter no nosso cotidiano – para melhor ou pior – temos que considerar ainda mais firmemente que nossas escolhas sejam pautadas nos princípios e valores da nossa comunidade.

Noutro artigo publicado aqui mesmo percorri o raciocínio que me leva a considerar de extrema importância a união da nossa comunidade e o papel que nossas lideranças políticas e comunitárias, como o Presidente do Clube A Hebraica, Daniel Bialski, e o Presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), Luiz Kignel, exercem para que fantasmas de perseguição não encontrem espaço em solo brasileiro e – quando encontram – se vejam absolutamente rechaçados pelas mais altas autoridades do País, sejam de que lado forem. Evitar divisões – o que não significa evitar debates construtivos – nos fazer sermos reconhecidos como uma comunidade coesa e ciente de seus direitos e deveres enquanto parte integrante da sociedade brasileira.

Essa influência que é devida à articulação de nossos líderes políticos e comunitários encontra uma força fundamental quando tem entre os representantes eleitos – seja no executivo ou no legislativo – membros da nossa comunidade. Mas, então, por que preferivelmente tendemos a votar em candidatos judeus? Fundamentalmente porque estamos seguros de que eles norteiem seus mandatos a partir dos princípios e valores que regem nossa comunidade. Tikun Olam, Tzedaká, a preservação do Meio Ambiente, dos valores democráticos, do contraditório, da liberdade, do respeito à diversidade em todas as suas formas, à ética, ao bem público, à probidade e, por fim, mas não menos importante, ao conceito de que nosso sistema representativo é pautado na “res-publica”, ou seja, aquilo que é do povo. Para assegurar essa representação, a comunidade vem apresentando e elegendo jovens – mas, não apenas – para representar esses princípios e valores, como fizemos recentemente com as eleições do Senador Davi Alcolumbre, do Deputado Estadual Heni Ozi Cukier e do Vereador Daniel Annenberg, que vêm pautando seus mandatos pelo bem público, a paz e a liberdade que tanto nos são caras.

Por isso, com o coração leve, com a mente sensata e cientes de nossa responsabilidade, vamos às urnas novamente neste 2020 gregoriano plurais – e inspirados em Israel como um exemplo inequívoco de liberdade e democracia -, mas uníssonos na defesa da nossa comunidade e, acima de tudo, dos princípios e valores que nos são ensinados para que nossa passagem por este mundo deixe como legado a paz, a prosperidade e a liberdade. Bom 2020 a todas e a todos!”

Floriano Pesaro
Sociólogo