Tribuna – Confrontando a guerra de comunicação

Floriano Pesaro, sociólogo

Na complexa dinâmica do conflito israelo-palestino, Gary Wexler, comunicador recentemente homenageado pela Biblioteca Nacional de Israel com a criação do Arquivo Gary Wexler, uma história de 20 anos da vida judaica contada através de campanhas publicitárias que ele criou para organizações judaicas nos EUA, Canadá e Israel, nos faz reflexões sobre a luta por influenciar corações e mentes nas esferas acadêmicas, políticas e culturais em escala global. As estratégias de comunicação são essenciais e revelam uma clara dualidade: de um lado, uma campanha palestina meticulosamente orquestrada; do outro, uma resposta frequentemente descoordenada e reativa por parte das organizações judaicas. Este artigo se aprofunda nas táticas de ambos os lados e propõe abordagens mais eficazes para a comunicação pró-Israel e pró-judaica.

A abordagem palestina demonstra uma compreensão aprofundada de como moldar a opinião pública. Iniciativas como o BDS e a Semana do Apartheid Israelense visam não apenas isolar economicamente Israel, mas também retratá-lo como um estado pária no cenário global, ressoando profundamente em um mundo cada vez mais sensível aos direitos humanos. Estas campanhas são projetadas para maximizar empatia e apoio, particularmente entre a juventude ocidental, e são baseadas em narrativas que, embora contestáveis, são altamente eficazes.

Por outro lado, as respostas de organizações judaicas e israelenses às campanhas palestinas têm sido caracterizadas pela fragmentação e falta de coerência. É necessária uma estratégia comunicativa unificada, algo frequentemente ausente nas ações dessas organizações, que tendem a ser reativas em vez de estratégicas. Esta reatividade indica um descompasso com as técnicas modernas de comunicação que enfatizam a criação de narrativas envolventes e apelativas emocionalmente.

A comunicação eficaz deve transcender a mera transmissão de fatos e conectar-se emocionalmente com as audiências, evocando valores e aspirações compartilhadas. Esse aspecto emocional é vital, especialmente em um contexto onde as percepções públicas são frequentemente moldadas por histórias pessoais e testemunhos que geram respostas emocionais imediatas.

Incidentes podem ser transformados em poderosos símbolos de resistência e injustiça.

Para melhorar a comunicação judaica e israelense, é essencial centralizar esforços para criar uma plataforma coesa que ofereça uma narrativa consistente e atraente. Também é crucial inspirar-se no sucesso das campanhas palestinas para desenvolver projetos que proativamente estabeleçam a narrativa israelense no discurso global.

Além disso, é fundamental investir na capacitação de comunicadores e na criação de conteúdos que sustentem campanhas de longo prazo e se adaptem às dinâmicas do ambiente de mídia global. Incorporar histórias humanas que ilustrem a complexidade e a humanidade do povo israelense também é vital para oferecer uma contranarrativa às descrições frequentemente unilaterais predominantes na mídia.

A guerra de comunicação no conflito israelo-palestino é um campo onde se vencem ou perdem corações e mentes internacionalmente. As comunidades judaicas e israelenses podem usar suas capacidades comunicativas não apenas para se defender, mas para proativamente promover suas perspectivas e realidades. Reconhecendo os desafios e implementando estratégias focadas e inovadoras, aspira-se não apenas a combater narrativas adversas, mas a fomentar uma compreensão mais profunda e equilibrada de Israel e de sua luta.